segunda-feira, 30 de maio de 2011

Jornalista estadunidense conhece "berço" do MST

Lynette (ao centro) em visita ao 1º de Agosto
Nada melhor para uma jornalista estrangeira que busca conhecer a caminhada dos movimentos sociais de luta pela terra do que pousar na região Oeste do Paraná, a terra vermelha que foi o berço da criação do MST, em 1984, no auditório do Centro Diocesano de Formação de Cascavel. 

Nada melhor do que pisar em solo minado pelo lobby de ruralistas e setores do agrobusiness e seus porta-vozes da mídia tradicional. Foi o que fez Lynette Wilson, editora da agência de notícias da Igreja Anglicana de Nova Iorque (Episcopal Life Media) e repórter do jornal The Epicospal New Yorker. A jornalista visitou na semana passada acampamentos e assentamentos do MST em Cascavel. 

Durante a produção de uma reportagem sobre os movimentos sociais, ela também conheceu a hospitalidade e religiosidade de um povo tradicional de nossas terras, os indígenas Guarani, durante um ritual na Opã (casa de reza) da Tekoha Renda Poty, aldeia no município de Santa Helena. 

Acompanhada do bispo da Arquidiocese Anglicana de Curitiba, Dom Naudal Gomes, do reverendo Luiz Carlos Gabas (de Cascavel) e do missionário Michael Tedrik, a jornalista iniciou seu roteiro por um acampamento do MLST às margens da BR-369, em Corbélia. Em Santa Tereza do Oeste, a comitiva visitou o assentamento Olga Benário e, em Cascavel, estiveram no acampamento 1º de Agosto e no assentamento Valmir Motta, nome dado em homenagem ao sem-terra conhecido como "Keno", morto em um confronto com seguranças-milicianos na antiga estação da multinacional Syngenta. 

Projetos relacionados à agroecologia e a produção de alimentos sem uso de agrotóxicos, além da organização dos acampados e assentados por meio das "brigadas" foram alguns temas que chamaram a atenção da jornalista estadunidense nas entrevistas feitas com os sem-terra. Porém foi a educação que mais impressionou Lynette. Ela conheceu o projeto político-pedagógico das Escolas Itinerantes que, fugindo da lógica da educação formal trabalha a coletividade, em contraponto à escola capitalista que trabalha a individualidade de seus educandos. 

Esse blogueiro acompanhou parte do roteiro e aproveitou para bater um papo com a jornalista sobre algumas de suas impressões. A "prosa" contou com a ajuda da tradução da professora de inglês, Priscila Carvalho de Cruz, que também serviu de intérprete nas visitas aos acampamentos. 

Qual o motivo da visita à região Oeste do PR? 
[Lynette] Essa visita tem o objetivo de fazer uma reportagem para nossa agência de notícias da Igreja Anglicana e repassar algo aos norte-americanos, pois eles não entendem com funcionam os movimentos sociais e o envolvimento da Igreja com esses povos. 

Qual a visão dos estadunidenses em relação aos movimentos sociais? 
[Lynette] Eles não têm uma visão formada, pois não conhecem. Não há movimentos similares como esse [MST], especialmente os jovens, que por lá não costumam se organizar. Então essa é uma oportunidade de um outro continente conhecer e aprender algo com o movimento. 

Qual visão a Lynette leva dessas visitas? 
[Lynette] Na visita aos indígenas fiquei impressionada com a religiosidade. Já em relação ao movimento sem-terra o que me chamou mais atenção foi a organização, de como as pessoas estão envolvidas com o movimento, desde os jovens, especialmente por meio da educação dentro dos acampamentos. Acho importante esse ensino e a coragem de lutarem contra a monocultura, formando para a plantação sem o uso de agrotóxicos.

Jornalista norte-americana conheceu Escola Itinerante do MST

3 comentários:

  1. Marcos Machado - Muito bacana o interesse de Lynette em levar essa a luta pela terra Julião... a luta e essa história maracilhosa que muitos condenam por medo e covardia de não ter essa garra. Abração e tenha certeza q vc faz a sua parte.

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  2. Parabens pela materia lindo. Beijo Pri

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