A realização de um sonho, a conquista de uma terra
para produzir e criar raízes, a luta pela dignidade. A vitória de 83 famílias que se tornaram oficialmente moradoras do
Assentamento Valmir Mota de Oliveira, em Cascavel, no Oeste do Paraná, e que comprovaram que a Reforma Agrária dá certo!
A festa organizada nesta semana pelos militantes do MST
(Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) não foi o simples ato do sorteio dos lotes por parte do Incra (Instituto
Nacional de Colonização e Reforma Agrária), mas sim a reafirmação que o movimento social mais legítimo do país segue
resistindo, vencendo o preconceito e a criminalização de grande parte da
sociedade de nossa conservadora "fazenda iluminada", onde os
interesses do agronegócio seguem controlando a mídia e os intitulados "ruralistas" seguem acreditando serem donos da região.
Foram 13 anos desde a ocupação do Completo Cajati e
dois anos na área que se instalou o Assentamento Valmir Mota, uma das fazendas compradas pelo Incra para fins da Reforma Agrária. Uma luta simbolizada pela
tradicional mística e pelas palavras de um dos coordenadores do movimento na
região. "Isso aqui só foi possível graças as nossas lutas, nossas marchas,
nossos protestos e enfrentamentos. A luta pela terra nos une e já levou alguns
de nossos companheiros, como o Keno, que está presente aqui entre nós, que continua
presente na nossa luta", disse Celso Barbosa, em menção ao militante
sem-terra executado por milicianos na antiga estação da multinacional Syngenta,
em Santa Tereza do Oeste, e que dá nome ao assentamento.
Para o superintendente do Incra, Nilton Bezerra, o
Assentamento Valmir Mota de Oliveira será exemplo de moralidade, produtividade
e do ponto de vista social. "Essa é uma área emblemática, é uma conquista
histórica destes
trabalhadores que seguem resistindo numa região crítica como essa", disse
Bezerra, referindo-se a atos de violência protagonizados por milícias armadas que já marcaram a disputa pela terra
no Oeste, além de citar a "campanha" de grande parte dos meios de comunicação. "Infelizmente a
mídia regional é ligada ao agronegócio e trata a reforma agrária de maneira distorcida".
O reverendo da Igreja Anglicana, Luiz Carlos Gabas,
acompanha a caminhada dos movimentos sociais e a luta dos assentados
do Valmir Mota. "Essa conquista pode parecer pequena para alguns, mas
representa muito para aqueles que lutam pela dignidade, que lutam contra o
poderio do agronegócio. O grande temor dos poderosos, da burguesia, é quando o
povo pobre, os mais humildes alcançam vitórias por meio da organização e da
luta", disse o religioso, deixando um recado às famílias beneficiadas.
"A luta prossegue companheiros, não se esqueçam daqueles que ainda estão
acampados embaixo das lonas pretas".
O recado do religioso é significativo, uma vez que a luta continua. Existem ainda outras 400
famílias acampadas na área do complexo à espera da regularização. A conquista
das 83 famílias assentadas de forma definitiva é uma resposta a muitos que criminalizam e desqualificam o movimento. Já a
emoção de cada assentado fica impossível descrever, quem sabe uma frase no momento que o almoço estava sendo servido possa ajudar: "Não sei se eu almoço, se choro ou se continuo com
esse sorriso que vai de orelha em orelha", disparou o camarada Ildemar Frohleich, um dos assentados beneficiados.
Parabéns aos Sem Terra pela conquista e parabéns ao Sitio Coletivo pela excelente matéria!!
ResponderExcluirÉ o que precisava ser dito e está dito.
ResponderExcluirAvançar na Reforma Agrária é dever, compromisso, missão e destino.
Nada vai desviar o povo brasileiro desviar dessa luta.