quarta-feira, 27 de agosto de 2014

O decreto "bolivariano" e a desinformação

Foto: Marcos Bezerra/Futura Press

Na condição de militante da comunicação, dois pontos me chamaram atenção no embate entre os "presidenciáveis", ambos protagonizados pelos imparciais Boris Casoy e José Paulo Andrade - escolhidos a dedo por seus históricos. Particularmente, acho que o Pannuzio se portou bem. Um deles é sobre o Decreto Federal nº 8.234, de 2014, que institui a Política Nacional de Participação Social.

Chamado de "bolivariano" pelo jornalista da Band News, tal decreto é até bastante tímido, pois simplesmente regulamenta conselhos de política pública, comissões e conferências que já existem e vem sendo adotadas pelos governos Lula e Dilma. É tão somente uma tentativa de institucionalizar mecanismos como conselhos de políticas públicas, mesas de diálogo, audiências públicas, ouvidorias, consultas, plebiscitos, entre ouros mecanismos.

Portanto, a esses teóricos do caos e da desinformação, não estamos diante de uma "revolução social" - apesar dos brados de "chavismo". Me estranhou que o José Paulo Andrade não usou o termo "bolchevização". Assim como vem acontecendo nos últimos meses no Congresso Nacional, onde vários parlamentares se revezam na tribuna para fazer discursos "desesperados" na tentativa de anular tal decreto, o jornalista tabelou com um dos candidatos para caracterizar o medo da elite de qualquer possibilidade de "poder popular", conseguiram transformar a palavra "democracia direta" em artifício de "ditaduras". 

E a pergunta é: por que tanto barulho? Qual é o temor em possibilitar a movimentos sociais e setores organizados da sociedade com espaços minúsculos em instâncias que na maioria das vezes tem papel meramente consultivo?

Esse tipo de ofensiva articulada entre a grande mídia, determinados políticos e alguns setores da sociedade nos levam a crer que toda essa história de reforma política não passa de retórica, pois muitos não irão permitir nenhuma mudança do sistema político atual. 

Quando até mesmo um tímido decreto de "participação social" causa tanto pânico só podemos ratificar que a democracia só pode ser uma mera formalidade. O mesmo jornalista ainda mostrou-se "arrepiado" com a possibilidade da realização de plebiscitos no país. 

O pavor pelo Decreto º 8.243 comprova que não haverá qualquer mudança nas atuais regras que privilegiam os grandes grupos econômicos. O segundo ponto que me chamou atenção é a tentativa de confundir quem pouco sabe sobre o marco regulatório dos meios de comunicações - algo presente em diversos países pelo mundo - pela velha bravata da "censura".

domingo, 24 de agosto de 2014

Panfletagem em Cascavel cobrou maior valorização aos jornalistas

Ato do Sindijor no calçadão central de Cascavel
Lemos jornais, acompanhamos noticiários na televisão ou no rádio, ou ainda nas redes sociais, mas nem todos conhecem o cotidiano de trabalho de grande parte dos jornalistas. Com o objetivo de informar a realidade da profissão à população e cobrar maior valorização à categoria, jornalistas de Cascavel foram às ruas neste sábado (23/08) e realizaram uma panfletagem no calçadão da Avenida Brasil.

O objetivo do ato - organizado pela Subseção Regional do Sindijor-PR (Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Paraná) - foi explicar à sociedade a dificuldade que os profissionais estão tendo para fechar a Convenção Coletiva de Trabalho de 2014, além de expor a situação de precarização, pressão e assédio que muitos trabalhadores sofrem em alguns locais de trabalho.

Além de abordar a luta pelo aumento real e o fato dos sindicatos patronais não "aceitarem" negociar nada além da reposição da inflação, o informativo entregue a população nas ruas trouxe questões como acúmulo de trabalho e de funções, pressões, jornada excedente, horas-extras não pagas, falsos estágios, desrespeito ao piso salarial, ao anuênio, ingerência de terceiros, contratos precários ou registros irregulares, ameaças e assédio moral.

Os meios de comunicação do Paraná inicialmente apresentaram “proposta” de redução do piso salarial no interior do Estado. Após manifestações da categoria, os empresários tiraram o “bode da sala”. Depois disso, os patrões propuseram assinar a convenção apenas com a reposição da inflação, sem a discussão de nenhuma outra cláusula prevista em nossa pauta de reivindicações. "A verdade é que os problemas da categoria nunca foram tão omitidos pelas empresas de comunicação como vem acontecendo atualmente", comenta Júlio Carignano, diretor do Interior do Sindijor. 

No dia 04 de agosto, o Sindijor-PR e o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Norte do Paraná encaminharam documento com o resultado das assembleias, onde a proposta patronal foi rechaçada, porém essa semana nos foi enviado outro ofício dos representantes patronais, onde afirmam que não dá pra avançar.