terça-feira, 24 de maio de 2011

Chacal e Dylan: poetas agitadores culturais

Desconstruir contextos ou contextualizar a construção poética, ideologia ou contra-ideologia, cultura da contracultura. Elementos que unem dois poetas símbolos da expressão libertária em uma data comum: o dia 24 de maio. Batizados Robert Allen Zimmerman e Ricardo de Carvalho Duarte, dois poetas, dois agitadores culturais.

O primeiro - que completa 70 anos - atende por Bob Dylan. É difícil falar do “Sr. Tamborim”, dispensa maiores comentários com suas canções-protesto, carregadas de instrumentos literários, poeta da contracultura que embalou a Beat Generation.

Já o segundo é enfático ao dizer que foi fortemente influenciado pelo primeiro, entre outros ícones da contracultura como Allen Ginsberg. Batizado Ricardo, pseudônimo Chacal, o poeta marginal o expoente da geração mimeografo, que completa seus 60 anos de vida.

Poeta, cronista e roteirista, esse maldito participou das principais manifestações culturais do Brasil nos últimos 40 anos. Publicou seu primeiro livro de poesias em 1971. Foi responsável por um dos momentos mais intensos da festa literária de Paraty 2007 na mesa literária Uivos. Lançou no ano passado, o livro de memórias Uma história à margem, um balanço informal de sua trajetória.

Sobre a obra de Chacal, Paulo Leminski afirmava que a palavra “lúdico” era o elemento chave. O imortal paranaense via nos poemas de Chacal “as letras de música popular, do mundo industrial e urbano que se abateu, irremediavelmente, sobre nós”. Semelhanças com as canções-poema do outro aniversariante do dia não são meras coincidências.

Como era bom
o tempo em que Marx explicava o mundo
tudo era luta de classes
como era simples
o tempo em que Freud explicava
que Édipo tudo explicava
tudo era clarinho limpinho explicadinho
tudo muito mais asséptico
do que era quando eu nasci
hoje rodado sambado pirado
descobri que é preciso
aprender a nascer todo dia
(Chacal)

Abaixo Subterranean Homesick Blues, de Dylan

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