sexta-feira, 19 de agosto de 2011

A necessidade de uma comunicação popular em uma mídia monopolizada


Reproduzo para os sitiantes um texto do professor de história de Foz do Iguaçu, Danilo Georges, sobre monopólio midiático, liberdade de empresa e o papel fundamental dos comunicadores populares na busca de uma mídia verdadeiramente plural e democrática. O artigo foi originalmente publicado no portal fronteiriço Megafone – Rede Cidadania de Comunicação. Mais informações no endereço: www.megafone.inf.br e pelas redes sociais (@redemegafone)



 O monopólio da comunicação exercido pelas grandes corporações da Mídia tem um forte impacto social, cultural e econômico na sociedade, a concentração de informação na mão de grandes empresas é um atentado a democracia, pluralidade de pensamentos e direitos humanos em suma um atentado a vida.

A mídia corporativista exerce um grande pacto com o capital construindo consenso sobre atores sociais, políticos e instituições financeiras. Padronizando comportamento e ditando ideologias, na qual não existe vida fora do capitalismo, exerce assim um verdadeiro controle social, tenta se apresentar como neutra mas tem um pacto com as elites econômicas que a controla. 

O jornalista Denis Morais chama atenção para o monopólio da imprensa mundial segundo ele: “quatro corporações (Viacom, Disney, AOL Time-Warner e Rupert Murdoch) concentram 90% da produção de jornais, rádios, televisão, teatro e cinema, fica descaracterizada qualquer possibilidade de democracia nos meios de comunicação”.

Segundo a analise do jornalista, aproximadamente 6 bilhões de pessoas são informadas e manipuladas por 4 corporações que estão atreladas aos interesses de mercado. Há sempre espaços nos telejornais para intelectuais que defendem o sistema econômico vigente, aos contrários cabe o ostracismo, a demonização de seus pensamentos e a criminalização dos  movimentos sociais que não são agregados nesse tipo de imprensanão possuem direito ou respaldo, são sujeitos invisíveis nesse formato capitalista aonde se valoriza mais o lucro do que a vida. 

Em contraposição à mídia burguesa e sua lógica perversa mercadológica, nasce dos becos, guetos, ruas, sindicatos e universidades, uma outra proposta de comunicação galgada na defesa de um dos mais fundamentais direitos humanos que é o direito de se comunicar, um outro olhar sobre a sociedade, uma  nova voz  que busca disputar hegemonia com o neoliberalismo, a comunicação popular tem como principal ofício dar voz aos excluídos e oprimidos aqueles que são silenciados, massacrados e invisíveis às corporações midiáticas.

A mídia monopolizada não carrega nenhuma liberdade de informação há somente a liberdade de mercado, que é protegida e assegurada pelas economias liberais capitalistas, e que fere o exercício aos direitos à liberdade de opinião e expressão. O papel dos meios de comunicação deveria ser democratizar o saber, educar, investigar, humanizar a sociedade e denunciar a corrupção. 

Como a mídia oficial faz geralmente um desserviço as camadas populares, comunidades indígenas e todos aqueles que não têm o poder aquisitivo para o consumo, creio que o papel do comunicador popular é o de ir na contramão da mídia corporativista e atuar junto com  a camada subalterna da população,  revelando os interesses político-econômicos que levam à publicação de determinadas notícias encomendadas pela elite patronal brasileira , os comunicadores populares devem  fornecer informações aos leitores que não são encontradas na grande mídia, fazendo uso de pesquisa e de reportagens utilizando muitas vezes  recursos próprios.

Enfrentar a elite e os desmandos de empresas que insistem em colocar o lucro acima da vida é o objetivo vital de quem se propõe lutar pela democratização da comunicação, a comunicação popular tem que estar atrelada a um projeto educacional não formal, é necessário exercer uma pedagogia libertária e emancipatória onde todos tenham acessos à informação e o direito a comunicação. 

A luta por uma outra mídia é vital, urgente e necessária para que a humanidade possa aspirar um novo mundo aonde se prevaleça a demanda coletiva e não individual, pautando os direitos e não privilégios, almejar valores igualitários e assegurar a diversidade de opinião, acima de tudo, viver em uma sociedade anti-capitalista.

Danilo Georges é professor de história em Foz do Iguaçu.

2 comentários:

  1. Salve camarada obrigado por divulgar o texto, nossa web-comunicação comunitária é mais que necessária, blogueiros do mundo uni-vos!!

    att

    danilo georges.

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  2. Salve Danilo, tomei a liberdade de reproduzir o texto do Megafone por aqui. Blogosfera democrática é isso, por aqui sempre terá um espaço para comunicação popular e comunitária.

    A porteira do Sítio está aberta!
    Abraço

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