terça-feira, 30 de agosto de 2011

30 de Agosto: Do Luto para Luta pela Educação

Professores de Cascavel fizeram ato público em frente a prefeitura
Trabalhadores da educação pública da rede estadual paralisaram suas atividades nesta terça-feira nas principais cidades do Paraná para lembrar da "anti-comemoração" dos 23 anos do fatídico 30 de agosto de 1988, oportunidade em que professores durante uma manifestação foram "recepcionados" no Palácio do Iguaçu pelo aparato de repressão do Estado, a cavalaria da Polícia Militar sob ordens do então governador Alvaro Dias, atual senador do PSDB. 

Em Curitiba, professores e funcionários da educação enfrentaram a chuva e percorreram o mesmo trajeto da passeata de 1988, da Praça Santos Andrade até a sede do governo. Os trabalhadores também ocuparam a plenária da Assembleia Legislativa para pressionar a votação do anteprojeto de lei complementar da equiparação salarial da categoria. A proposta prevê o pagamento dos 5,83% negociados com os professores.

O percentual é relativo a aplicação do piso profissional nacional (PSPN) no Paraná, bem como a primeira parcela da equiparação salarial.  A proposta do governo é que 3% serão retroativos ao mês de julho. O restante - 2,83% - será pago no mês de outubro. O anteprojeto foi aprovado durante a sessão desta terça-feira (30). Vale lembrar que na campanha eleitoral do ano passado, o atual governador Beto Richa (PSDB) prometeu um reajuste de 26% aos professores estaduais.

A unificação de turmas nas escolas – fantasma quem vem assombrando o setor de educação pública no Paraná – também esteve em pauta no Dia de Luto e Luta da categoria. Desde a quinta-feira passada (25), as escolas vem recebendo planilhas com a orientação para o fechamento de algumas turmas.  Segundo os professores, os diretores das escolas foram informados que teriam autonomia nessa prerrogativa, avaliando a situação de cada colégio, porém não é isso que vem acontecendo.  Essa orientação vai a contramão de uma das bandeiras da APP-Sindicato, que luta pela diminuição de alunos por salas de aulas.

Os manifestantes reivindicam a aprovação de uma proposta que limite o número de alunos por turma, mantendo a proporcionalidade de professores contratados pelo Estado para que não seja prejudicada a qualidade de ensino. A superlotação das salas de aula além de prejudicar o estudante -  dificultando sua concentração – é um complicador para os professores que precisam se desdobrar para conferir um atendimento de melhor qualidade. 

Em Cascavel, professores e funcionários também pararam nesta terça-feira e realizaram manifestações. Além das pautas estaduais, a categoria no Oeste reivindicou um melhor atendimento do SAS (Sistema de Assistência Social).  Para isso, eles se concentraram no Hospital Santa Catarina, única unidade na cidade que presta esse atendimento aos servidores.  De lá, os professores partiram em carreata até a Prefeitura, onde realizaram um ato público. A violência nos colégios do município também foi uma das pautas das manifestações em Cascavel.

Histórico

As manifestações fizeram parte do tradicional Dia de Luto e Luta dos Trabalhadores da Educação.  A data é referente ao ano de 1988. Há 23 anos, os professores da rede pública de ensino foram protagonistas de uma greve iniciada no dia 5 de agosto. Eles reivindicavam a volta do piso de três salários mínimos, reduzido para dois salários em 1988. Com o intuito de forçar uma solução mais rápida para a paralisação geral – que então completava 11 dias – professores ocuparam a Assembleia Legislativa, por onde permaneceram até o dia 31.

Um dia antes, no dia 30 de agosto, foi organizado um encontro de núcleos regionais da APP-Sindicato na Praça Tiradentes, em Curitiba, e uma passeata até a sede do governo, onde então os trabalhadores foram "recepcionados" pela cavalaria da PM, com direito - além das ferraduras dos equinos e os cassetetes dos policiais -  a gás de pimenta e bombas de efeito moral.

Na época, aproximadamente 30 mil pessoas participavam da passeata. De um lado a multidão, de outro as tropas policiais. Barracas de professores acampados foram pisoteadas, manifestantes foram impedidos de entrar na Praça Nossa Senhora de Salete com carro de som.

Segundo relatos, o pavor tomou conta de todos, com bombas estourando para todos os lados, correria generalizada, transformando o centro cívico de Curitiba em uma verdadeira praça de guerra. Como saldo, vários professores feridos, alguns inclusive impossibilitados – física e emocionalmente – do retorno as salas de aulas.

Questionado hoje em dia sobre o fato, Alvaro Dias - atual senador da República - defende-se afirmando que o triste episódio sempre "foi explorado politicamente e com má fé e que na ocasião foi administrado dentro das possibilidades".  Segundo a sua versão, "outras categorias" de trabalhadores teriam se infiltrado na manifestação para provocar tumultos e a cavalaria estaria no local para dar "segurança aos manifestantes".
 

PS: Vale lembrar que manifestações e mobilizações (mesmo organizadas por determinadas categorias) não precisam ser necessariamente corporativistas. São nos atos públicos que trabalhadores mostram sua solidariedade. Oportunidade em que se deixam de lado as categorias (profissões) para se afirmar como classe (trabalhador).  

Abaixo algumas imagens do Dia de Luto e Luta em Cascavel






"Refrescando" a memória sobre episódio de 1988: http://youtu.be/3gLeWMjI1_o

Um comentário:

  1. NÃO PODEMOS MAIS NOS ABAIXAR DEIXANDO A EDUCAÇÃO PARA SEGUNDO PLANO! AFINAL UMA GRANDE NAÇÃO COMEÇA EM SALAS DE AULA! LEMBRANDO QUE DOS APROVADOS NO CONCURSO DE 2007, POUCOS FORAM CHAMADOS E QUE O CONCURSO PRESCREVE EM MARCO DE 2012!

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