São três dias de evento na fronteira (de 27 a 29 de outubro), tendo como tema "O papel da blogosfera na construção da democracia". A organização é de responsabilidade do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé. Nomes de peso da comunicação já estão confirmados, entre eles o semiólogo galego Ignácio Ramonet, criador do Le Monde Diplomatique, um dos principais estudiosos da comunicação na atualidade.
Líder de movimentos antiglobalização e autor de vários livros, Ramonet propôs por meio do Observatório Internacional dos Meios de Comunicação, a configuração de um 'quinto poder'. Essa concepção surge da expressão 'quarto poder', cunhada aos meios de comunicação. Para Ramonet, esse "quinto poder teria a função de denunciar o superpoder dos meios de comunicação, dos grandes meios midiáticos, cúmplices e difusores da irrefreável globalização liberal". Porém ressalta que esse 'quinto poder' não pode estar atrelado ao Estado, elogiar governos ou criticar meios que não estariam de acordo com o governo vigente, não agindo como um meio 'chapa-branca'.
Kristinn Hrafnsson, um dos porta-vozes do Wikileaks, também estará em Foz do Iguaçu. Criado em 2006 na Suécia, país de origem do editor Julian Assange, o Wikileaks é uma das maiores contribuições para liberdade de expressão e transparência dos últimos tempos.
O debate durante o #BlogMundoFoz deverá esquentar com a presença do ministro das Comunicações Paulo Bernardo. Esse será cobrado e não poderá fugir de debates importantes como um novo marco regulatório para as comunicações - que regule a conduta dos meios de comunicação - o que já acontece em vários países do chamado 'primeiro mundo', mas que por aqui - desde que foi rascunhado pelo ex-ministro Franklin Martins - ainda não saiu da gaveta. Por trás dessa demora para se discutir o tema, o lobby de grandes corporações da mídia que insistem em tratar regulação como 'censura' (sic).
Com a blogosfera em peso, Paulo Bernardo deverá também dar esclarecimentos sobre a expansão da banda larga para o alcance de usuários de baixa renda. O PNBL (Plano Nacional de Banda Larga) já rende críticas, visto que deverá ficar por conta das operadoras privadas e não da Telebrás. Segundo o ministro, "internet sob regime público seria inviável neste momento, devido a questões orçamentárias".
Os blogs – além de propiciar um maior número de informações e contrapontos de ideias – são benéficos ao próprio jornalismo profissional que precisará se reinventar. Na medida em que a mídia profissional se depara com um número de cidadãos comprometidos com uma comunicação popular, ela também terá (cedo ou tarde) que se voltar a uma comunicação que seja realmente plural.
É na blogosfera que vemos emergir o fenômeno dos 'jornalistas cidadãos', aquele que apesar de não ser um 'profissional' da comunicação consegue colher e disseminar informações de relevância à população.
Em Cascavel, essa rede vem sendo criada e ampliada por meio dos blogs políticos. Temos exemplos do sítio do jornalista Fernando Maleski e do recém criado Ponto de Observação, com foco na transparência pública. Páginas que buscam a contraposição de opiniões em assuntos de relevância locais por meio da palavra livre, como do jornalista Jefferson Lobo, além de páginas sobre cultura e variedades como o Bastidores da Arte ou voltadas aos esportes como Magela na Área. Em Foz, temos o exemplo do Boca Maldita, do Ceará News, entre outros. Enfim, o Oeste do Paraná, que sedia o evento, também vem contribuindo para essa expansão da blogosfera.
Que essa rede aumente ainda mais, pois na medida que esses espaços crescem, cresce também a responsabilidade da mídia tradicional. Enquanto isso, os blogueiros, devem tomar o cuidado de se manterem independentes - não estarem vinculados a grupos políticos (tanto de campos progressistas quanto de campos conservadores) - para não caírem no erro de editarem instrumentos 'chapa-branca'.
A internet, em especial o fenômeno dos blogs, contribui para a construção coletiva da informação. São milhares de pessoas que por meio da posse dessas informações e conhecimento contribuem para furar o cerco das práticas perniciosas da velha mídia tradicional, buscando assim, uma comunicação como ela realmente deve ser: horizontal, plural e democrática. Portanto, blogueiros do mundo uni-vos!
Na foto acima, Ignácio Ramonet e subcomandante Marcos, líder do Movimento Zapatista do México. Como dica aos sitiantes: "Marcos: A dignidade rebelde", lançado no Brasil em 2001 pela extinta Campo das Letras. O livro reúne uma série de conversas do jornalista com esse personagem lendário das selvas de Chiapas.
Mais informações sobre o #BlogMundoFoz neste link
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Será uma boa largada para arrombar as portas do "pensamento único".
ResponderExcluirLiberdade e democracia são coisas boas, todos gostamos e também precisam ser para todos.
Não podem ser reservadas exclusivamente a redes e monopólios a serviço do capitalismo.
Vale o recadinho de John Pilger, num ensaio publicado no Le Monde Diplomatique:
"Em 1983, os principais meios de comunicação pertenciam a cinqüenta sociedades. Em 2002, contávamos apenas com nove conglomerados transnacionais. Em fevereiro de 2004, Murdoch previa que, daqui a três anos, haverá apenas três grandes sociedades de meios de comunicação, entre elas a sua. Os vinte sites mais visitados na internet pertencem a sociedades como Fox, Disney, AOL Time Warner, Viacom e um punhado de gigantes desse gênero; os catorze maiores absorvem 60% do tempo que os norte-americanos passam na tela. Sua ambição comum: produzir cidadãos mal informados e conformistas. Consumidores obedientes".