sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Capote: o excêntrico "novo jornalista"

Cada vez mais cultivado em espaços alternativos e distante da gelada mídia tradicional, o gênero jornalismo literário teve sua explosão nas décadas de 1960 e 1970. Esse fenômeno que uniu jornalismo e literatura ficou conhecido nos Estados Unidos como 'New Journalism'.

O gênero deu um 'chega pra lá' nas tradicionais técnicas e chavões jornalísticos, entre eles o maldito (no mau sentido) lead, ou seja, as maçantes perguntas: "o quê, quem, quando, onde como e por quê". Nomes como Truman Capote, Tom Wolfe, Norman Mailer e o maldito (no bom sentido) Hunter Thompson – que concebeu o Gonzo Jornalismo – foram os precursores dessa nova onda que iria além dos limites da velha mídia.  

Um desses 'malditos' estaria soprando velinhas nessa sexta-feira, dia 30, oportunidade em que vale a pena lembrar de uma das maiores obras do jornalismo literário que transformou o caos da época em obras primas das grandes reportagens.

Truman Capote completaria 86 anos, enquanto 'A Sangue Frio', considerado sua maior obra, foi escrita há 44. O livro é um trabalho de pesquisa do autor sobre o assassinato de uma família de fazendeiros de Garden City, na cidade de Kansas. O norte-americano fez uma investigação sobre os Clutters, que foram mortos de forma brutal no ano de 1959.  

Capote levou cinco anos para concluir a obra. O jornalista conversou com moradores e pessoas próximas a família de fazendeiros, além da dupla de assassinos de quem ficou bem próximo. Perry Smith e Dick Hickock, autores do crime, foram condenados a pena de morte.

Em 2005 foi lançado o filme biográfico 'Capote', que mostra a pesquisa do escritor nas telonas. O filme rendeu Oscar ao ator Philip Seymour Hoffman – que interpretou o escritor.

Além de 'A Sangue Frio' sugiro aos sitiantes 'Súplicas atendidas'. O livro foi originalmente publicado em três capítulos na revista norte-americana Esquire. Trata-se da história de um escritor-massagista e suas aventuras no jet-set (expressão que colunistas de fofocas se dirigiam a determinado grupo social com poder aquisitivo pra viajar frequentemente de avião a jato).

Apesar de 'fictícia', a obra causou polêmica, pois figuras conhecidas da alta sociedade norte-americana se enxergaram nas personagens do livro. Vale a pena conferir estas e outras obras do "novo jornalismo".

Um comentário:

  1. Truman Capote, Hunter Thompson.. ó mestres do jornalismo literário, voltem e nos salvem da escuridão dos paradigmas do jornaismo.
    Brincadeiras de lado, vale sempre a pena lembrar desses nomes e principalmente ler suas obras.

    Em "A sangue frio", obra do mestre Truman,por exemplo, é possível entender a mente dos assassinos, conhecer um pouco de cada personagem, ver através das letras o cenário onde tudo aconteceu, enfim é uma viagem única, absolutamente incrível, que todos deveriam ter.

    É jornalismo e literatura com o que há de melhor nessas duas "praias".

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