terça-feira, 13 de março de 2012

Sindicatos e FENAJ buscam unidade regional

Schröder (FENAJ), Zé Nunes (RS), Marcio Rodrigues (PR) e Valmor Fritsche (SC)
Jornalistas, sindicalistas e assessores de sindicatos deram um importante passo no sentido de promover uma unificação regional da categoria e elaborar uma pauta unificada de lutas. Com intuito de fazer uma construção de atuação coletiva, profissionais dos três estados do Sul participaram nos dias 3 e 4 de março do 1º Seminário Regional Sul de Campanha Salarial e Negociação Coletiva, em Florianópolis.

Os dirigentes sindicais tiveram oportunidade de conhecer a realidade local dos jornalistas de cada estado, expondo as dificuldades e conquistas obtidas por cada entidade sindical. Além da presença dos Sindicatos de Jornalistas do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, o seminário contou com a participação de diretores da FENAJ (Federação Nacional dos Jornalistas), entre eles o presidente Celso Schröder, e os membros da executiva: Sergio Murilo de Andrade (ex-presidente), José Carlos Torves e Valci Zucholoto.

A unidade regional foi o ponto central da reunião, porém outros temas do cotidiano da profissão foram colocados nas mesas de discussões, como a questão da obrigatoriedade do diploma de Jornalismo, um piso nacional unificado, democratização da comunicação, estágios e assessoria de imprensa.

"A defesa do diploma e do terceiro grau é uma luta que vem nos consumindo durante a última década, mas que exigirá um último esforço nessa reta final. A aprovação da PEC [em trâmite no Congresso Nacional] que reestabelece a obrigatoriedade da formação exigirá uma mobilização junto aos senadores e principalmente articulação junto aos deputados", reiterou Celso Schröder.

O presidente da FENAJ lembra que a formação superior é a maneira mais democrática de acesso à uma profissão. "O terceiro grau é universalização do acesso a uma profissão (...) ao contrário do que disse Gilmar Mendes e outros setores conservadores, a atitude jornalística não é originária da relação de emprego, mas sim de uma condição de profissão".

Em relação a um piso nacional para os jornalistas, proposta apresentada por meio de um projeto de lei pelo deputado André Moura (PSC-SE), Schröder lembra que a intenção foi aprovada durante Congresso Nacional dos Jornalistas em 1985. Na época, a proposta foi vetada pelo então presidente da República, José Sarney, político que sempre teve relações estreitas com empresários da comunicação. "Mesmo com o avanço da economia, a categoria não conseguiu recuperar perdas dos anos 80, tanto do ponto de vista de representação sindical quanto salarial", destaca Schröder.

Para o dirigente, essa realidade se reflete dentro das redações. "As relações trabalhistas nas redações são 'medievais', são praticamente pré-capitalistas no seu modo de produção (...) essa concentração de monopólios liquida qualquer capacidade de se impor um Plano de Carreira para o jornalista, por exemplo".

Lucratividade

Dados importantes para o quadro de negociações dos jornalistas foram expostos pelo jornalista José Carlos Torves, especialmente com a exposição de números de lucratividade e a expansão que grandes empresas de comunicações da região Sul, como o grupo RBS, GRPCom e RIC/Record tiveram ao longo de 2011.

Os números são reveladores e contrapõe o discurso das mesas de negociações por parte dos patrões, que tentam 'sensibilizar' a categoria com o chororô que os meios de comunicação estariam passando por uma 'crise'. Para se ter uma ideia, a RIC, com suas quatro afiliadas e mais três emissoras de rádio ligadas a Jovem Pan, estimam uma expansão no Paraná de 35% em 2012, com investimento de cerca de R$ 1 milhão em estrutura física.

Já o GRPCom (Grupo Rede Paranaense de Comunicações) prevê para 2012 um crescimento de 6 a 8% no faturamento em comparação com o ano passado e um expansão de 15% em relação aos spots. O grupo conta com oito emissoras afiliadas da Rede Globo no Estado, duas revistas, um portal de notícias, o jornal Gazeta do Povo e duas emissoras de rádio (89 FM e Mundo Livre), caracterizando um verdadeiro monopólio das comunicações.

Segundo Torves, o crescimento médio dos meios de comunicação no Brasil em 2011 foi de 8,5%. Outro número interessante vem do segmento impresso (jornais), que obteve um faturamento bruto de R$ 3,36 bilhões, alta de quase 4% em relação a 2010.

Democratização

A pauta da democratização da comunicação também fez parte do seminário e alvo de críticas ao governo federal. Para os diretores da FENAJ, algumas derrotas foram registradas. "A nossa expectativa com o Governo Lula era de que essa pauta, até então ignorada totalmente pelos governos do PSDB, passasse a ser prioritária, porém tivemos algumas derrotas. Conseguimos impor uma conferência [Confecom], mas o governo não deu sequência. O governo esvaziou a conferência, onde tivemos mais de 200 conferências municipais, mais de 2 mil pessoas participando, porém o centro do governo desconstruiu e acabou protelando o processo de regulação dos meios de comunicação", analisa Schröder.

Ao final do Seminário Regional Sul, os dirigentes encaminharam a proposta da formação de uma comissão para traçar estratégias de atuação coletiva entre os três estados, grupo liderado pelos presidentes dos sindicatos do Paraná, Márcio Rodrigues; José Nunes (RS), Valmor Fritsche (SC), além Ayoub Hanna Ayoub, do Sindicato do Norte do Paraná, que não pôde comparecer ao seminário.

Nenhum comentário:

Postar um comentário