quarta-feira, 28 de março de 2012

Mobilizações pela memória, verdade e justiça

Tirinha do cartunista Carlos Latuff
Às vésperas de completarmos 48 anos do golpe civil-militar de 1964, o debate sobre o direito de apurar crimes praticados pela ditadura retoma força na sociedade por meio da criação da Comissão Nacional da Verdade. Nesta quinta-feira (29/03), a partir das 17 horas, a Boca Maldita, tradicional ponto de Curitiba, será palco de nova manifestação pela instalação imediata da Comissão da Verdade. Os manifestantes também vão convidar a população para o lançamento do Fórum Paranaense de Resgate da Verdade, Memória e Justiça, que acontecerá no dia 12 de abril, no Teatro da Reitoria da UFPR (Universidade Federal do Paraná).
 
Na última segunda (26/03), diversas organizações sindicais e populares ocuparam a Boca em ato semelhante.  Em Fortaleza, São Paulo, Belo Horizonte, Porto Alegre e Belém ocorreram ações diante de residências e locais de trabalho de ex-policiais e ex-militares acusados de tortura, estupro e assassinato de presos políticos durante a ditadura civil-militar (1964-1985). Tais ações, organizadas pelo Levante Popular da Juventude, contaram com o apoio de sindicatos e agremiações de esquerda. Em Curitiba, foram expostos banners com o nome dos mais violentos torturadores que atuaram no Paraná. Alguns jovens declamaram poemas em homenagem a militantes torturados e assassinados pela ditadura.
 
Criada no fim de 2011, a Comissão da Verdade ainda não foi instituída oficialmente pelo governo federal. Sua tarefa institucional é estabelecer quais circunstâncias em que as mortes, a tortura e a violência de Estado foram realizadas no Brasil. Apurar a responsabilidade dos militares e servidores públicos da época, que teriam participado de atos da ditadura, mas também dos próprios civis que participaram de estruturas não governamentais, empresariais, aliadas à repressão. A demora em instituir oficialmente a Comissão - na visão dos movimentos sociais - permite que clubes militares e outros grupamentos que sustentaram o golpe e participaram da repressão se manifestem de forma cada vez mais agressiva contra a sua instalação.

Também nesta quinta-feira (29/03), o Clube Militar do Rio de Janeiro promove mais um evento para comemorar o golpe, ao qual chamam de "revolução de 64", e reafirmar sua posição contra as investigações. O Coronel Brilhante Ustra, notório torturador, é um dos organizadores da "comemoração". O mesmo clube já havia lançado um manifesto atacando a iniciativa da criação da Comissão.
 
Para as organizações de esquerda, mesmo passados quase 30 anos da queda da ditadura, é preciso que o Brasil inicie o processo de apuração e punição dos crimes, como vem sendo feito na Argentina, no Chile, no Uruguai entre outros países latino-americanos. Vale lembrar que recentemente a Anistia Internacional denunciou que "o Brasil continua atrasado em comparação com demais países da região em sua resposta às graves violações de direitos humanos cometidas no período militar".

Cascavel

Em Cascavel, o período conhecido como "Anos de Chumbo" será lembrado pela palestra e espetáculo musical: "O Golpe de 64 e os golpes contra a memória". O evento acontecerá nesta sexta-feira (30/03) no anfiteatro da Unioeste (Universidade Estadual do Oeste do Paraná), a partir das 19h30. A palestra será ministrada pelo professor Alexandre Felipe Fiúza e o espetáculo será conduzido pelos músicos Cristini Colleoni, Sil Vaillões, Giovani Pinheiro e Alan Villaverde.
 
A promoção do evento é do Mestrado em Educação/ Colegiado de Pedagogia/ CECA/ Grupo de Pesquisa História e Historiografia na Educação da Unioeste. As inscrições serão gratuitas no local, com emissão de declaração de participação de três horas/aula.

Estudioso do período, Alexandre Fiúza é doutor em História Contemporânea. O evento será uma bela homenagem aos que lutaram e combateram esse período tão triste de nossa história.

Nenhum comentário:

Postar um comentário