quarta-feira, 21 de março de 2012

Dois meses do massacre do Pinheirinho


Nesta quinta-feira, dia 22 de março de 2012, completam-se dois meses do massacre de Pinheirinho, a reintegração de posse feita pela polícia militar paulista e guarda municipal de São José dos Campos,  ação orquestrada pelo prefeito da cidade Eduardo Cury e o governador Geraldo Alckmin, ambos do PSDB.

Enquanto grande parte da mídia preferiu discorrer sobre a legalidade da desocupação ou se a ordem judicial expedida pela juíza Márcia Loureira estaria certa ou não, pouca atenção foi dada a ação em si, ocorrida num domingo, pegando de surpresas os moradores, lhes impossibilitando de retirar seus pertences e sendo vítimas de truculência desproporcional do braço militarizado do Estado.

Dois meses depois do fatídico 22 de janeiro de 2012, o que se vê hoje em Pinheirinho - segundo moradores que permanecem no local e jornalistas da imprensa alternativa - é um cenário de destruição, de cidadãos vivendo na precariedade de abrigos sem estrutura alguma, que lembram em muito os regimes de campo de concentração. Poucas casas permanecem de pé, outras estão completamente vazias e os moradores sobrevivem do jeito que dá.

Para contextualizar a situação, as famílias ocupavam há quase 10 anos o terreno abandonado pertencente a massa falida da empresa Selecta Comércio e Indústria S/A, do megaespeculador imobiliário Naji Nahas, que tem em seu 'currículo' - entre outras coisas - ser responsável pela quebradeira da Bolsa de Valores do Rio de Janeiro após tomar dinheiro emprestado para negociar ações para si próprio por meio de laranjas, além de ser preso durante Operação Satiagraha, da Polícia Federal.

Campanha

Para que a barbárie de Pinheirinho não seja apagada da memória e como ato de solidariedade as vítimas da ação 'tucano-militar', a CSP-Conlutas (Central Sindical Popular) lançou uma campanha de apoio financeiro aos ex-moradores da ocupação. A entidade centralizará doações por meio da seguinte conta bancária: Banco do Brasil/ Agência: 4223-4/ Conta Corrente: 8908-7.

Além disso, a campanha também está arrecadando alimentos, roupas, remédios e material de higiene. Instituições variadas também realizam campanhas simultâneas de arrecadação de materiais.

Na região Oeste do Paraná, o Comitê de Solidariedade às Vítimas do Pinheirinho promoverá no próximo domingo, dia 25 de março, um Ato-show regional em Cascavel, na Adega Nostravamus, na Rua Jorge Lacerda, 1551, no Bairro Claudete. Nove bandas da região estão confirmadas e, além das apresentações, o espaço do microfone estará aberto para a livre expressão de pensamento dos presentes que poderão se manifestar da forma como acharem melhor (discurso, poema, pintura, cartazes, faixas, etc.).

A expectativa da organização do evento é que cerca de 250 pessoas compareceram. "Muitas pessoas estão se envolvendo, já temos quase 200 pessoas que confirmaram presença pelo facebook. Produzimos 3 mil cartazes e 900 panfletos. A expectativa é grande pois temos trabalhadores e estudantes envolvidos na construção deste evento. Alem das nove bandas, temos uma equipe em Foz, Toledo, Rondon e Cascavel", diz Evandro Castagna, presidente do PSTU de Cascavel e um dos organizadores do ato.

Para Castagna, é preciso que todos se incorporem nessa campanha e ajudem na cobrança de uma solução digna aos moradores de Pinheirinho. "Queremos que o Governo Dilma desaproprie o terreno do Naji Nahas e devolva ao povo expulso de suas casas. Já se passaram dois meses e até agora o Governo Dilma não se posicionou, o que revela uma grande insensibilidade social por parte deste governo", aponta o militante.
 
Ato show em Cascavel #25M

Bandas confirmadas:

• Amnésia-Rock (Cascavel)
• Os Zens (Cascavel)
• Zeca Urubu (Cascavel)
• Alan (Cascavel)
• Judah (Marechal Rondon)
• Manifesto (Assis Chat. e Maringá)
• Horror Machine (Cascavel)
• Alto Esplanada (Toledo)
• Maryzombie “Banda das Meninas” (Cascavel)

Ingressos: R$ 5,00
Local: Adega Nostravamus, Rua Jorge Lacerda, 1551, no Bairro Claudete

2 comentários:

  1. Uma iniciativa digna e generosa, que coincide com o aniversário de 90 anos do PCB.

    Aliás, o 25 de março deve ser reivindicado por todo o movimento operário e popular, porque não pertence a um partido, mas a todos os que levantam a bandeira do socialismo no Brasil.

    Cumprimentos aos organizadores e às bandas que vão participar.

    Com certeza uma programação que une cultura, diversão e solidariedade - a fórmula ideal, aliás.

    Nós queremos comida, diversão e arte - e também a emancipação de todos os que no Brasil supostamente democrático seguem escravizados pela tirania do capital.

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