domingo, 21 de outubro de 2012

Keno Vive: Ato lembrará os cinco anos do assassinato

Valmir Mota de Oliveira, o Keno, assassinado em 2007

Neste domingo, dia 21 de outubro, completam-se cinco anos do assassinato do trabalhador sem-terra Valmir Mota de Oliveira, o Keno. Como lembrança da data, trabalhadores camponeses da Via Campesina e do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra) promovem um ato político batizado de "Keno Vive" nesta segunda-feira (22) no Centro de Ensino e Pesquisa em Agroecologia Valmir Mota de Oliveira, local onde funcionava a antiga fazenda da multinacional Syngenta Seeds, em Santa Tereza do Oeste.

Keno foi morto após um ataque de uma milícia armada contratada pela empresa após a ocupação da área de 127 hectares, onde a multinacional suíça mantinha desde 1998 um campo experimental. Em 2006, a Via Campesina denuncia crimes cometido pela empresa, como o desrespeito ambiental e do Plano de Manejo do Parque Nacional do Iguaçu. A Syngenta realizava experimentos com soja e milho geneticamente modificados, o que em março de 2006, levou o Ibama a multar a empresa no valor de R$ 1 milhão, dívida até hoje não paga.

A luta das famílias camponesas, que organizaram o Acampamento Terra Livre e que permaneceram resistindo por mais de dois anos no espaço, juntamente com o grande apoio e solidariedade recebidos por organizações de várias partes do mundo, foi primordial para a importante vitória obtida pelos trabalhadores camponeses. Foi mediante a grande repercussão do caso e a condenação da sociedade à ação armada da multinacional que, em 2008, a Syngenta teve que transferir a posse da área para o Governo do Paraná.

Com o objetivo de fazer o resgate histórico de luta e resistência das famílias camponesas, mantendo viva a chama de rebeldia e indignação que fortalece a necessidade de seguir denunciando os crimes do agronegócio, lutando pela Reforma Agrária e contra a utilização dos transgênicos e agrotóxicos em nosso alimento, é que a Via Campesina e o MST convidam a sociedade a participar do ato no Centro de Ensino e Pesquisa, administrado atualmente pela Iapar (Instituto Ambiental do Paraná), que leva o nome do militante morto em há cinco anos.

Histórico

A empresa suíça Syngenta Seeds, detentora de 19% do mercado de agroquímica e a terceira de maior lucro na comercialização de sementes no mundo instala em 1998 uma sede em Santa Tereza do Oeste. Atenta aos crimes ambientais e ao desrespeito a legislação, a Via Campesina denúncia as irregularidades a órgãos nacionais e internacionais e a empresa é multada em R$ 1 mi pelo Ibama.

No dia 14 de março de 2006, a área é ocupada, com ampla repercussão internacional. As 70 famílias camponesas permanecem até novembro de 2006 no local, quando o Estado do Paraná cumpre liminar de reintegração de posse expedida pela Justiça de Cascavel. As famílias retornam ao local depois que a área foi desapropriada pelo governo para a criação de um Centro de Agroecologia. 

Em 18 de julho de 2007, os sem-terra cumprem ordem judicial e as famílias se deslocam para o assentamento Olga Benário, em Santa Tereza do Oeste. Em outubro de 2007, a área é reocupada, após os rumores de que a terra estava sendo preparada para plantação de soja e milho transgênico, o que desrespeita a regras de um centro de agroecologia.

Após a nova ocupação, em uma ação covarde e sorrateira de uma milícia contratada pela multinacional, pelo menos 10 sem-terra são feridos e um deles é executado. No confronto, um dos milicianos também é morto. O caso é denunciado em todo o Brasil, em tribunais internacionais, entre eles, o país de origem da empresa. A longa resistência da Via Campesina e do MST garantem a conquista da área e o compromisso do Estado.      

Nenhum comentário:

Postar um comentário