domingo, 5 de junho de 2011

Lágrimas da avó grilo e do meio-ambiente

"A floresta chora" (Tarso Sarraf/Folhapress)

Um choro que se mistura ao sangue, lágrimas e sangue que escorrem de nossas florestas. Conta uma lenda milenar do povo Ayoreo, da Bolívia, que uma avó grilo chamada Direjná era a dona da água e por onde ela passava com seu lindo canto, a água brotava. Um dia, seus netos pediram que ela fosse embora do vilarejo. Triste, ela partiu e a medida que ela ia se distanciando, a água também ia cessando.   

Uma produção feita numa parceria entre a Dinamarca e Bolívia, atualiza a história milenar para os nossos tempos de degradação ambiental e de mercatilização da natureza. Na adaptação, a avó grilo é raptada por empresários. Ela é forçada a cantar e fazer a água cair apenas em caminhões pipa para que a água seja vendida ao vilarejo. Porém chega o momento em que a avó grilo e o povo entendem que é necessário lutar.

O choro da avó grilo germinou o sentimento de luta. O "choro da floresta" ilustrou uma faixa dos manifestantes de movimentos sociais que fecharam uma rodovia no Pará em protesto pela morte do casal Zé Cláudio Ribeiro e Maria Espírito Santo, líderes extrativistas que também lutavam contra essa mercantilização da natureza. 

Três dias após a morte do casal, Adelino Ramos - presidente do Movimento de Camponeses do Amazonas - teve o mesmo destino. Todos contrariavam interesses maiores, viviam sob ameaças e foram abatidos a balas disparadas sob as ordens do latifúndio.  

Nesse domingo, dia 5 de junho, quando é lembrado o Dia Mundial do Meio Ambiente, há muito que se refletir e praticamente nada a comemorar. Refletir sobre as investidas do homem "civilizado" sobre o meio-ambiente e a biodiversidade. Esse "civilizado" que faz tudo em prol do "desenvolvimento" e da "modernização", alterando-se leis como no emblemático caso de nossa Constituição Ambiental, transformada em Código de Anistia e Desflorestamento.

Refletir e aprender lições. Do luto pelos mortos jogados em covas com palmas medidas para a luta pela defesa dos recursos naturais.  Enquanto o homem "civilizado" não entender que degradação ambiental significa degradação social,  avó grilo e as florestas continuarão chorando.

Abaixo a produção Abuela Grillo. Mais informações no blog http://abuegrillo.blogspot.com


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