segunda-feira, 24 de março de 2014

Caso Teixeirinha: Sem terra vão a júri popular nesta quarta-feira

Diniz Bento da Silva, o 'Teixeirinha', morto em 1993 
O caso de maior repercussão no cenário histórico de conflitos de terra que marcam a região Oeste do Paraná e que rendeu condenação ao Brasil na OEA (Organização dos Estados Americanos) terá novo capítulo nesta quarta-feira (26/03) no município de Guaraniaçu, onde será realizado o júri popular de cinco sem terra acusados da morte dos policiais militares Vicente de Freitas, Algacir José Bebber e Adelino Arconti. O fato aconteceu na ocupação da Fazenda Santana, em Campo Bonito, no dia 03 de março de 1993.

Durante a ocupação, os policiais foram até a fazenda acompanhar o madeireiro Adessir Cassol na retirada de máquinas do local. Por se tratarem de policiais à paisana (conhecidos como P2), os militares foram confundidos com pistoleiros, segundo a versão dos sem terra, que ainda alegaram que os policias teriam atirado primeiro, agindo assim em legítima defesa.

Na época, a PM fechou cerco ao acampamento dos sem terras e, segundo relatos de integrantes do movimento, torturou diversos ocupantes para que fossem revelados os envolvidos no incidente. Sete homens foram presos preventivamente e o líder dos sem terra Diniz Bento da Silva, o 'Teixeirinha' ficou foragido por cinco dias. Segundo denúncia do MST, após entregar-se desarmado aos policiais diante de testemunhas, Teixeirinha teria sido torturado e executado na frente da esposa e do filho de 13 anos no dia 8 de março de 1993.

Ainda conforme a versão dos sem terra, Teixeirinha havia se escondido da polícia, até saber que seu filho estava nas mãos dos policiais. Entregou-se, foi algemado e arrastado em direção à roça, onde moradores ouviram vários disparos de tiros. O caso teve repercussão internacional e levou o governo brasileiro a ser alvo do relatório, em 2001, da Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA e posteriormente ser condenado por violação do direito à vida.

Catorze policiais militares de batalhões de várias regiões do Paraná foram formalmente acusados pela morte de Teixeirinha, em denúncia oferecida à Justiça de Guaraniaçu. O processo que investigava a morte de Teixeirinha recém saiu da fase de inquérito, enquanto os sem terra irão ser julgados em júri popular.

Integrantes do MST prometem 'vermelhar' o município de Guaraniaçu para acompanhar o júri na cidade. Por outro lado, é evidente que os familiares e amigos dos policiais militares mortos deverão comparecer para acompanhar o julgamento, situação que pode acirrar os ânimos e requer atenção redobrada dos órgãos de segurança.

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