quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Nota de repúdio da Comissão de Terras Guarani

Foto: Paulo Porto Borges
Nos dias 10 e 11 de dezembro, foi realizado na Aldeia Yv’a Renda Poty, em Santa Helena, o V Encontro de Rezadores e Lideranças Indígenas do Oeste do Paraná, oportunidade onde foi prestada solidariedade aos irmãos Guarani-Kaiowá, do Mato Grosso do Sul. A Comissão de Terras Guarani do Oeste do Paraná também emitiu uma nota de repúdio ao assassinato do cacique Nísio Gomes. Segue abaixo a íntegra da nota.

 Nós, caciques, rezadores e lideranças indígenas membros da Comissão de Terras Guarani do Oeste do Paraná, reunidos da aldeia de Yv’a Renda Poty, repudiamos o assassinato do parente Guarani-Kaiowá Nísio Gomes, da aldeia de Tekoha Guaviry, município de Amambaí. A sua execução por pistoleiros no dia 18 de novembro já vai fazer um mês e seus assassinos e mandantes ainda estão impunes, assim como dos vários indígenas mortos nestes anos. O assassinato do cacique Nísio se soma as duas centenas de parentes mortos somente nestes últimos oito anos, uma matança que já toma a forma de genocídio contra o povo Guarani e os povos indígenas do Brasil. Neste ano de 2011 aconteceram – somente no Mato Grosso do Sul – 150 ameaças de morte e 34 assassinatos, quase sempre lideranças do nosso povo envolvidos na luta pela terra tradicional. E nosso povo continua resistindo debaixo das lonas, nas beiras das estradas e nas pequenas aldeias cercadas pela soja e pelo agronegócio. Não podemos continuar assistindo calados os crimes cometidos contra nossos parentes, não podemos mais assistir tanto o poder judiciário como o executivo sendo utilizados para espoliarem nossas terras e assassinarem nossos líderes. É vergonhosa a tolerância do governo federal aos ataques no Mato Grosso do Sul!! Temos notícias que existem várias lideranças indígenas Kaiowá juradas de morte, entre elas o vereador indígena Otoniel Guarani, do município de Caarapó. Devido a isso, exigimos:

1.      Imediata intervenção do governo federal no Mato Grosso do Sul
2.      Proteção as lideranças ameaçadas
3.      Imediato reconhecimento das terras indígenas e sua demarcação
4.      Punição aos assassinos e mandantes

 Comitê de Terras Guarani do Oeste do Paraná 

            Dezembro de 2011

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