quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Expedito, o Santo Maldito

Produtos de noites de sexo barato, de grandes porres e da vida errante, os romances do escritor Charles Bukowski tratavam de fantasias e amores épicos. Outros malditos como Truman Capote exploravam os segredos por trás das orgias de milionários, celebridades e socialites, como na obra inacabada "Súplicas atendidas". O beatnik Willian Burroughs, por sua vez, versava com as noites calientes de amantes apaixonados. Não tão 'maldito', o comunista Jorge Amado também escreveu romances históricos, um dos mais conhecidos dele é "Dona Flor e seus dois maridos", publicado em 1966 e posteriormente adaptado as telinhas.

Todas essas históricas contadas por esses grandes autores são descrições extremamente realistas de vidas cotidianas, de pessoas das mais variadas castas sociais, cidadãos comuns, anônimos ou figuras carimbadas das manchetes de jornais. As cidades do interior são prodigas deste imaginário popular. De histórias que passam a fazer parte do folclore de cada localidade: como no dia em que Expeditus, até então um anônimo e disciplinado soldado romano, se tornou um 'santo maldito' no Velho Oeste.

Apesar de ter como pano de fundo um suposto 'romance tórrido', esse breve fato está longe de ser uma obra maldita, também não trata-se de um relato católico-cristão, apesar do foco central ser um santo martirizado.  Já os nomes, personagens e incidentes retratados nesta peça cotidiana são fictícios, mas baseados em fatos reais, sendo que qualquer semelhança é mera coincidência.

Trajado com suas vestes romanas, Expeditus era um pacato soldado que num dia chuvoso decidiu sair a caça de seus próprios demônios. Ligeiro e sorrateiro, seu algoz atendia pelo nome de Vadinho – que não tinha relação alguma com a Dona Flor, mas se orgulhava de carregar em um dos bolsos – junto a um brasão usado como arma de imunidade - um autógrafo da 'Rainha dos Baixinhos'.

Sabendo da fama de Vadinho, que era filho de Exu e, portanto bom de papo e de briga, Expeditus armou uma tocaia em local movimentado do vilarejo. Sem temer o histórico de seu oponente – que segundo os pioneiros provincianos nunca dispensou um bom duelo - o soldado desferiu um único golpe em Vadinho, que acoado 'pinoteou'.

O 'duelo' relâmpago correu a cidade e após aquele dia Expeditus – já com o nome 'aportuguesado'  - passou a ser conhecido como santo. O povo na rua espalhava que "Expedito era santo porque sabia bater" e alta burguesia da cidade (acostumada a somente ver pobre escrachado) não acreditava na notícia que parcialmente via na tevê. Vadinho passou das colunas sociais para as policiais, mas como bom malandro que não cai, nem escorrega, não dorme, nem cochila, não vacilou - seguindo os ensinamentos do mestre Bezerra - e um comunicado oficial disparou.

Já maldito e mal falado, Expedito ganhou devotos que viam nele um santo guerreiro que com um único golpe desferido honrou muitos que sempre contestaram a pose de bom malandro de Vadinho na cidade. Apesar da fama, Expedito foi a masmorra por culpa de uma Maria que não era Madalena, mas que tinha Penha como sobrenome!

Um marciano vindo da ilha castrista que desembarcava no Velho Oeste, atônito com toda a cena sacramentou: "Está cada vez mais down a how society". 

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