quinta-feira, 7 de março de 2013

Dia da Mulher: Educadora recebe homenagem


Mulheres guerreiras, muitas vezes anônimas, mas que de alguma forma, por superarem obstáculos, as fazem diferente das demais. Com esse objetivo, movimentos sociais e populares de Cascavel fazem uma homenagem na próxima sexta-feira, dia 08 de março, à educadora Nair Bauken Bastos. O ato, alusivo ao Dia Internacional da Mulher, será realizado no plenário da Câmara de Vereadores de Cascavel, a partir das 18h30.

Nair Bauken Bastos, 69 anos, chegou em Cascavel no ano de 1980, junto com o marido Luiz Fernando Maciel Bastos e o filho Luiz Fernando Maciel Bastos Junior, então com 4 meses de idade. Nascida em Ijuí, no Rio Grande do Sul, onde viveu sua infância, é a última filha entre oito irmãos. Seu pai, o alemão August Bauken era fotógrafo e professor, e sua mãe, dona Hilda Tereza Mann Bauken era dona de casa.

Estudou em escola pública e colégio de freiras. Com 13 anos começou a trabalhar, cuidando de crianças. Aos 16 anos, concluiu o magistério e deu início a carreira docente, lecionando na Escola Luterana de Horizontina, no Rio Grande do Sul.

Iniciou faculdade de Letras em Ijuí, e por conta do contexto político - período de pré-ditadura militar - foi transferida em 1961 para Santa Maria. "O custeio dos meus estudos foi mantido por meio de uma bolsa concedida por Leonel Brizola, que foi mantida no período militar por Ildo Menegheti, que sucedeu Brizola", conta Nair.

Em 1966, envolvida na política estudantil, foi detida no Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, onde participou de um ato reivindicatório na tentativa de falar com o então presidente da UNE (União Nacional dos Estudantes), José Serra. "À época, estudantes e historiadores era considerados os maiores subversivos. Fazíamos tudo que era arte até antes do sino bater", brinca Nair, sobre os tempos de movimento estudantil.

Já formada, veio para o Paraná. Morou em Medianeira por dois anos, e depois mudou-se para Santa Helena. Por ironia do destino, casou-se com um militar, o professor Luiz Fernando Maciel Bastos, com quem teve um filho adotivo, Júnior. "Sempre trabalhei como educadora, pois minha vida sempre foi lecionar. Mas também sempre quis buscar novos desafios e decidi fazer contabilidade em Marechal Rondon", conta Nair.

Já em Cascavel, passou a dedicar-se principalmente aos cuidados de Júnior, porém sem nunca deixar de estar envolvida com questões pertinentes à educação. Sempre morou no bairro Parque Verde, onde envolveu-se com diversas lutas em melhoria para a comunidade. 

Superação

Desde muito cedo, Nair soube que o filho teve paralisia cerebral, por insuficiência respiratória neonatal, sendo afetado no seu sistema motor. Quando Júnior estava com sete anos de idade, Nair ficou sozinha na missão de educar e desenvolver o filho, pois seu marido foi vítima fatal de um acidente automobilístico. "Um dia ouvi de uma das primeiras professoras do Júnior que ele não passaria de um amassador de papéis", conta Nair.

A infelicidade proferida por uma professora marcou Nair, mas ao mesmo tempo, a motivou a se mobilizar para implantação de uma sala de educação especial na Escola Ita Sampaio e, posteriormente na ajuda da construção do Colégio Estadual Prof. Victório Emanuel Abrozino.

Esse empenho de Nair foi fundamental para que Júnior chegasse à faculdade de Educação Física. "Eu levava ele todos os dias à aula, empurrando a cadeira de rodas. Ficava esperando as quatro horas até a aula terminar. Hoje, o Júnior está formado e é pós-graduado", conta orgulhosa.

"Mãe, incansável, contou com o apoio de muitas pessoas. Mas isso tudo só foi possível pela força e determinação de uma mulher guerreira. Por esse motivo, queremos homenageá-la nessa data, estendendo essa homenagem a todas as mulheres de nossa cidade", diz a professora da rede estadual de ensino Ana Paula Noffke, uma das organizadoras da homenagem.

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