sábado, 8 de setembro de 2012

Sem cordões e ufanismo, um grito contra a exclusão

Juventude gritou contra sistema que condena milhões à exclusão
Jovens ligados a pastorais e grupo de jovens, sindicalistas, trabalhadores rurais sem-terra, integrantes de movimentos populares e religiosos participaram neste feriado de Sete de Setembro de um ato paralelo às festividades restritas que somente nos permite exercer um patriotismo passivo e assistir desfiles de soldados,  armamentos e alunos da educação formal em marcha dentro dos limites de cordões de isolamento.  

Paralelo ao 'civismo oficial', manifestantes gritaram contra um sistema que condena multidões à exclusão social, contra um Estado que se utiliza cada vez mais da repressão e opressão, contra a criminalização dos movimentos sociais e populares, contra o fundamentalismo de qualquer natureza e, em especial, contra a violência que atinge cada vez mais nossa juventude. 

Um grito de poucos, mas que ecoou forte na região norte de Cascavel onde foi realizada a 18ª edição do Grito dos Excluídos, manifestação que propõe durante a Semana da Pátria o exercício ativo do nacionalismo e pleno da cidadania. Em Cascavel, o Grito dos Excluídos não era organizado desde 2010, quando simultaneamente aconteceu a Campanha pelo Plebiscito do Limite da Propriedade da Terra. 

Neste ano, uma marcha marcou a passagem do feriado de Sete de Setembro em Cascavel. Com saída do Colégio Estadual Consolata, os manifestantes caminharam por toda a extensão da Avenida Papagaios até a chegada na Igreja do Bairro Floresta, onde integrantes do MLST (Movimento de Libertação dos Sem Terra) realizaram uma mística baseada no lema da edição deste ano: 'Queremos um Estado a serviço da Nação, que garanta direitos a toda população!'.

O reverendo da Igreja Anglicana, Luiz Carlos Gabas, um dos organizadores da manifestação, explica que objetivo do Grito dos Excluídos é denunciar um modelo que concentra riqueza e renda e condena milhões de pessoas à exclusão social. "Neste ano temos que fazer um alerta especial contra qualquer tipo de fundamentalismo, seja ele de cunho religioso, ideológico ou político", disse Gabas.

O professor Amâncio Luiz dos Anjos, diretor da APP-Sindicato, falou diretamente aos jovens sobre a importância da participação popular e da luta contra um sistema onde as desigualdades sociais estão cada vez mais latentes. Gutto Wendler, integrante da Pastoral da Juventude, fez um alerta para criminalização dos movimentos sociais e ao atual momento político às vésperas do pleito eleitoral.  “Em ano eleitoral são muitos discursos sobre democracia, sobre exercício da cidadania e muitas propostas daqueles que dizem ter soluções para tudo”, ressaltou. 

Desde 1995 foi escolhido o dia 7 de setembro para as manifestações do Grito dos Excluídos. É uma forma daqueles que são calados pelas várias formas de opressão serem ouvidos no Dia da Independência, já que no espetáculo da marcha dos soldados e do disciplinado 'exército' das crianças da educação formal não há muito espaço para manifestações. 

Manifestações populares restritas que não surpreendem se levarmos em conta que a Semana da Pátria foi inspirada no Governo Costa Silva e na herança Moral e Cívica da gestão de Médici. Na pátria onde ainda precisamos engolir o genocida Duque de Caxias – 'patrono verde-oliva' - como um herói nacional, gritar por independência é berrar junto aos Excluídos, como alguns movimentos sociais e populares fazem ininterruptamente há 18 anos. De resto, tudo não passa de espetáculo ufanista.

Em breve, mais fotos sobre o Grito dos Excluídos em Cascavel

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