terça-feira, 12 de janeiro de 2016

OPINIÃO: greve, a mídia e o "teto de vidro"

Imagem G1 
O ano de 1968 foi considerado o "orgasmo da história" em virtude da onda de manifestações que eclodiram por todo mundo. No mesmo ano, Martin Luther King – ativista dos direitos civis nos Estados Unidos – foi assassinado. Em abril, dias antes do crime, ele liderou uma marcha em apoio a uma greve de 1,3 mil funcionários negros da limpeza pública por melhores condições de trabalho e salários decentes.

Na ocasião, a paralisação dos trabalhadores já durava cerca de dois meses e a marcha foi reprimida com violência dos órgãos repressores do Estado. Luther King dizia que a "greve é a linguagem dos não-ouvidos". Linguagem é comunicação e, quando falamos em greve, a comunicação tem um papel fundamental e os meios que propagam informação devem agir com responsabilidade.

Deixando 1968 na história e voltando ao presente, vivenciamos uma espécie de "catarse coletiva" de mobilizações de trabalhadores, especialmente no transporte coletivo (mas podemos citar até mesmo - com surpresa - paralisação de jornalistas e radialistas em Minas Gerais). Como de praxe - ainda que de forma velada - a mídia vem fazendo sua ofensiva diante das greves.

Nenhum meio de comunicação (seja ele grande, de circulação nacional, ou regional e local, que reproduz as mesmas visões e juízos) ataca de forma direta o direito de greve. Não pela falta de vontade em si, mas por não terem coragem de investir contra um direito que foi conquistado ainda no século 19, com o esforço, sacrifício e sangue de trabalhadores.

Como não podem atacar o direito constitucional de greve fazem ofensivas direcionadas em cada paralisação, especialmente quando as greves acontecem no setor público. É raro (quase surreal) quando a mídia admite que uma greve é justa. Para ela, todas as mobilizações são "abusivas" e foco da cobertura está sempre nas pessoas prejudicadas (o usuário/consumidor) e nunca no trabalhador grevista.

A maneira pejorativa que são tratadas as greves por vezes beira a ingenuidade quando o receptor da informação é alguém que tem uma mínima noção de como funciona a relação empregador/empregado e de como se dá a luta de classes em nossa sociedade. Seja no espaço maior dado ao empregador, seja na ausência do aprofundamento das pautas dos trabalhadores ou ainda na tentativa maldosa de sempre jogar grevistas contra a população.

A greve é um direito assegurado na Constituição. É importante (e um dever) que a imprensa se preocupe com a população de uma maneira geral, mas não pode agir de forma irresponsável, incitando a ira do trabalhador/usuário contra trabalhador/servidor, que pode e deve fazer o uso das ferramentas que disponibiliza para buscar seus direitos (ferramentas que são poucas diante do capital).

Apesar de ser um direito que deixou de ser criminalizado há mais de meio século pra entrar na ordem constitucional, a imprensa (com raras exceções) continua a "marginalizar" grevistas. Já o Estado - que serve ao sistema e atua em sintonia com esses meios - sempre tentou indiretamente, por meio de leis ordinárias, reprimir esse direito. Na ditadura aconteciam as intervenções aos sindicatos, as demissões em massa e prisões. Ainda nesse campo histórico, a greve foi uma das bandeiras dos trabalhadores na Constituinte de 1986, assegurada em definitivo na redação do artigo 9º da Constituição Federal de 1988.

Ficando claro que a paralisação é um direito, vamos a outros fatos (nem sempre pautados): a atual legislação obriga a publicação de editais de greve com 72 horas de antecedência das paralisações. Após a publicação, o Ministério Público do Trabalho ingressa com um pedido de liminar sobre a greve. Antes mesmo da greve se iniciar os Tribunais Regionais do Trabalho concedem liminares exigindo que determinada porcentagem dos trabalhadores permaneçam nos postos, assegurando o atendimento dos serviços considerados "inadiáveis". Diante disso também são estabelecidas multas diárias se os sindicatos descumprirem ordens judiciais, em multas e percentuais que variam de acordo com cada região.

Voltando a atual conjuntura da relação empregador/empregado, estamos assistindo uma retomada gradativa da capacidade de luta do movimento sindical - ainda tímida em relação a outras épocas - onde acompanhamos algumas conquistas de aumentos reais e recuperação de perdas acumulada nos últimos anos. Mas - paralelo a essa tímida retomada de luta - vemos uma campanha (nada tímida) de grandes veículos de comunicação que seguem jogando a população contra grevistas, não permitindo que essa mesma população entenda as reivindicações desses trabalhadores.

Concluindo meu raciocínio, faço aqui o papel de "advogado do diabo", tentando explicar essa relação da mídia e as greves: nessa complexa relação teriam os meios de comunicação o complexo do "teto de vidro"? Afinal, que moral alguns órgãos de imprensa teriam de propagar que uma greve é justa, destacando questões como precarização do trabalho e direito dos empregados (chamados também de "colaboradores"), quando esses meios não são os melhores exemplos para o assunto dentro de seus próprios currais?

segunda-feira, 1 de junho de 2015

II Congresso Internacional de Estudos do Rock

Apresentação da banda Beto Eyng e Seus Capangas, no I Congresso 
Seguem abertas as inscrições para ouvintes no II Congresso Internacional de Estudos do Rock, que se realizará no Anfiteatro da Unioeste, Campus de Cascavel, de 04 a 06 de Junho de 2015.

O evento é organizado pelo Colegiado de Pedagogia e pelo Mestrado em Educação/ Campus de Cascavel da UNIOESTE, com a co-promoção da Facultad de Periodismo y Comunicación Social de la Universidad Nacional de La Plata (UNLP) – Argentina. O evento acadêmico irá contar com conferências, mesas redondas, sessões de comunicações orais, lançamento de livros e CDs, shows de bandas e exposições artísticas. 

Este ano, a segunda edição irá homenagear a banda O Terço, considerada uma das mais importantes bandas de rock da música brasileira. Em 2015, completam-se 40 anos do lançamento do seu álbum Criaturas da Noite. O Congresso vai contar com a formação do Terço de 1975: Flávio Venturini, Sérgio Magrão e Sérgio Hinds. Nesta ocasião, vamos render uma homenagem ao baterista desta mesma formação, Luis Moreno, falecido em 2003.

Além da carreira junto ao Terço, os músicos se destacaram em carreiras solo e com outros grupos. Flavio Venturini é intérprete de grandes clássicos da MPB como Espanhola, Nascente, Besame, Todo azul do mar, Noites com sol, entre outras.   

Sérgio Magrão é um dos baixistas de maior renome na MPB, além de integrar O Terço, ainda faz parte do 14-Bis, uma da mais importantes bandas do cenário musical brasileiro. É autor, em parceria com Luiz Carlos Sá, de um dos grandes clássicos da MPB, Caçador de Mim, gravada por Milton Nascimento com grande sucesso. Sérgio Hinds é uma referência na história do rock nacional, considerado um dos maiores guitarristas de todos os tempos. 

Além de O Terço, na sessão Conversa com Músicos, iremos contar com a presença de Miguel Cantilo, expoente do rock argentino, da memorável dupla Pedro y Pablo. Cantilo é um dos mais importantes nomes do rock argentino, com uma produção extensa desde 1970 e que lançou seu último CD no ano passado. É autor de clássicos como Marcha de la bronca, Padre Francisco, Adonde quiera que voy, Catalina Bahía, entre outros êxitos na Argentina.

No segundo dia, o evento contará com uma palestra do músico e professor Frank Jorge. Artista importante da cena porto-alegrense e um dos nomes mais importantes do rock gaúcho, seja em sua carreira solo, como por intermédio de sua participação no grupo de rock Cascavelettes.

O evento contará com apresentações musicais como a banda do Congresso que homenageará O Terço, além de bandas locais como Fulminantes, Billy Montana & Os Voadores (que irá prestar uma homenagem a Miguel Cantilo) e Black Mountain Side.

Também haverá duas exposições artísticas no hall do Anfiteatro. A primeira é a exposição Músicas Ilustradas II (Rahma Projekt), pelo artista plástico Rafael Hoffman (Criciúma) e a outra, intitulada Capas censuradas, apresentará imagens de capas de discos censuradas pela censura espanhola, organizada pelo jornalista espanhol Xavier Valiño.

O Congresso contará com palestras de grandes especialistas nacionais e estrangeiros debatendo temas vinculados ao rock.  Haverá ainda lançamento de livros sobre o rock de autores nacionais e estrangeiros, bem como de CDs. 

A conferência de abertura, La censura en el rock durante el régimen de Franco, será ministrada no dia 04 de junho, pelo jornalista espanhol Dr. Xavier Valiño. Na noite de quinta-feira o evento irá homenagear O Terço, pelos 40 anos do disco Criaturas da Noite e prestar um tributo ao baterista Luis Moreno.

No segundo dia do evento, pela manhã, ocorrerá a mesa redonda Rock e Educação: as escolas e faculdades de rock, com a presença do Prof. Ms. Jorge Alberto Falcon (Coordenador do curso de Licenciatura em Música e Professor da PUC-PR), do Prof. Dr. Gérson Luís Werlang (Universidade de Passo Fundo, Faculdade de Artes e Comunicação) e do músico e professor  Frank Jorge (coordenador e fundador do Curso de Músicos e Produtores de Rock).

No período noturno, a atração será a vez da mesa redonda Rock e mercado editorial, como a presença de Rodrigo Merheb (Oficial de chancelaria do Itamaraty e Jornalista – autor do premiado livro O Som da Revolução, de 2012), do Prof. Dr. Guilherme Bryan (Centro Universitário Belas Artes de São Paulo, FEBASP – Brasil, documentarista do Canal Brasil e autor do clássico livro Quem tem um sonho não dança, de 2003) e da pesquisadora do rock nacional Aline Rochedo (Doutoranda em História – UFRRJ e autora da obra Derrubando reis: a juventude urbana e o rock brasileiro nos anos 1980). 

No último dia pela manhã, sábado, às 9h30, o evento contará com uma Mesa Redonda e uma conversa com o músico Miguel Cantilo, além de um debate com o Prof. Dr. Ernesto Bohoslavsky (UNGS-Argentina) e com o pesquisador argentino Lucio Carnicer (Pesquisador, radialista e professor de música – Argentina).

O Congresso recebeu 185 comunicações científicas sobre o rock, que serão apresentadas durante as três tardes do evento, com pesquisadores do Brasil, Argentina, México, Chile e Uruguai. Nestas sessões, de comunicação científica, serão apresentadas as principais pesquisas sobre o rock envolvendo os eixos temáticos Histórias do Rock, Poéticas do Rock, Rock e Cinema, Rock e Comportamento, Rock e Contracultura e Rock e Educação.

Este evento colocou Cascavel no eixo das pesquisas de ponta sobre o rock na América do Sul e tem revelado importantes trabalhos acadêmicos sobre este gênero musical e sua forte influência na sociedade e na cultura de diferentes povos.

O evento é aberto a todo público adulto e o pagamento da inscrição será realizado a partir de um boleto emitido junto ao sistema do site do evento, após a inscrição on line do participante. O valor da inscrição é acessível: alunos R$ 30,00 e demais interessados R$ 40,00. Haverá emissão de atestado de participação de 36 horas.

As inscrições seguem abertas até dia 03 de junho, por meio do site: http://www.congressodorock.com.br/evento/index.xhtml

Maiores informações: evento@congressodorock.com.br

quarta-feira, 27 de maio de 2015

Eduardo Galeano, a FIFA e os "donos da bola"

Eduardo Galeano: paixão pelo futebol
A FIFA, que tem trono e corte em Zurique, o Comitê Olímpico Internacional, que reina de Lausanne e a empresa ISL Marketing, que tece seus negócios em Lucerna, manejam os campeonatos mundiais de futebol e as olimpíadas. Como se vê, as três poderosas organizações têm sua sede na Suíça, um país que ficou famoso pela pontaria de Guilherme Tell, a precisão de seus relógios e sua religiosa devoção ao sigilo bancário.

Casualmente, as três têm um extraordinário sentido do pudor em tudo o que se refere ao dinheiro que passa por suas mãos e ao que fica em suas mãos. A ISL Marketing possui, pelo menos até o final do século, os direitos exclusivos da venda da publicidade nos estádios, os filmes e videocassetes, as insígnias, flâmulas e mascotes das competições internacionais. Este negócio pertence aos herdeiros de Adolph Dassler, o fundador da empresa Adidas, irmão e inimigo do fundador da concorrente Puma. Quando outorgaram o monopólio desses direitos à família Dassler, Havelange e Samaranch estavam exercendo o nobre dever da gratidão.

A empresa Adidas, a maior fabricante de artigos esportivos do mundo, tinha contribuído muito generosamente para construir o poder dos dois. Em 1990, os Dassler venderam a Adidas ao empresário francês Bernard Tapie, mas ficaram com a ISL, que a família continua controlando em sociedade com a agência publicitária japonesa Dentsu. O poder sobre o esporte mundial não é coisa à toa. No final de 1994, falando em Nova York para um círculo de homens de negócios, Havelange confessou alguns números, o que nele não é nada freqüente:

— Posso afirmar que o movimento financeiro do futebol no mundo alcança, anualmente, a soma de 225 bilhões de dólares. E se vangloriou, comparando essa fortuna com os 136 bilhões de dólares faturados em 1993 pela General Motors, que encabeça a lista das maiores corporações multinacionais. Nesse mesmo discurso, Havelange advertiu que "o futebol é um produto comercial que deve ser vendido o mais sabiamente possível", e lembrou a primeira lei da sabedoria no mundo contemporâneo: - É preciso tomar muito cuidado com a embalagem. A venda dos direitos para a televisão é o veio que mais rende, dentro da pródiga mina das competições internacionais e a FIFA e o Comitê Olímpico Internacional recebem a parte do leão do que a telinha paga. O dinheiro multiplicou-se espetacularmente desde que a televisão começou a transmitir os torneios mundiais ao vivo para todos os países.

As Olimpíadas de Barcelona receberam da televisão, em 1993, seiscentas e trinta vezes mais dinheiro que as Olimpíadas de Roma em 1960, quando a transmissão só chegava ao âmbito nacional. E na hora de decidir quais serão as empresas anunciantes de cada torneio, tanto Havelange e Samaranch como a família Dassler são claros: é preciso escolher quem paga mais. A máquina que transforma toda paixão em dinheiro não pode se dar ao luxo de promover os produtos mais sadios e mais aconselháveis para a vida esportiva: pura e simplesmente se põe sempre a serviço da melhor oferta, e só lhe interessa saber se o Mastercard paga melhor ou pior do que o Visa e se a Fuji-film põe ou não põe sobre a mesa mais dinheiro que a Kodak. A Coca-Cola, nutritivo elixir que não pode faltar no corpo de nenhum atleta, encabeça sempre a lista. Suas virtudes milionárias a deixam fora de qualquer discussão.

Neste futebol de fim de século, tão pendente do marketing e dos sponsors, nada tem de surpreendente que alguns dos times mais importantes da Europa sejam empresas que pertencem a outras empresas. O Juventus, de Turim, faz parte, como a Fiat, do grupo Agnelli. O Milan integra a constelação de trezentas empresas do grupo Berlusconi. O Parma é da Parmalat. O Sampdoria, do grupo petroleiro Mantovani. O Fiorentina, do produtor de cinema Cecchi Gori. O Olympique de Marselha foi lançado ao primeiro plano do futebol europeu quando se transformou numa das empresas de Bernard Tapie, até que um escândalo provocado por um suborno arruinou o empresário de êxito.

O Paris Saint-Germain pertence ao Canal Plus da Televisão. A Peugeot, sponsor do Sochaux, é também dona de seu estádio. A Philips é a dona do time holandês PSV Eindhoven. Se chamam Bayer os dois clubes da primeira divisão alemã que a empresa financia: o Bayer Leverkusen e o Bayer Uerdingen. O inventor e dono dos computadores Astrad é também proprietário do time britânico Tottenham Hotspur, cujas ações são cotadas na bolsa, e o Blackburn Rover pertence ao grupo Walker. No Japão, onde o futebol profissional tem pouco tempo de vida, as principais empresas fundaram times e contrataram astros internacionais, a partir da certeza de que o futebol é um idioma universal que pode contribuir para a projeção de seus negócios no mundo inteiro. A empresa elétrica Furukawa fundou o Jeff United de Ichihara e contratou o astro alemão Pierre Littbarski e os tchecos Frantisek e Pavel. A Toyota criou o Grampus de Nagoya, que contou em suas fileiras com o artilheiro inglês Gary Lineker. O veterano mas sempre brilhante Zico jogou no Kashima, que pertence ao grupo industrial e financeiro Sumitomo. As empresas Mazda, Mitsubishi, Nissan, Panasonic e Japan Airlines também têm seus próprios times de futebol.

O time pode perder dinheiro, mas este detalhe carece de importância se propicia boa imagem à constelação de negócios que integra. Por isso, a propriedade não é secreta: o futebol serve à publicidade das empresas e no mundo não existe um instrumento de maior alcance popular para as relações públicas. Quando Silvio Berlusconi comprou o Milan, que estava em bancarrota, iniciou sua nova era desenvolvendo toda a coreografia de um grande lançamento publicitário. Numa tarde de 1987, os onze jogadores do Milan desceram lentamente de um helicóptero no centro do estádio, enquanto nos alto-falantes cavalgavamas Walkirias de Wagner. Bernard Tapie, outro especialista em seu próprio protagonismo, costumava celebrar as vitórias do Olympique com grandes festas, fulgurantes de fogos artificiais e raios laser, onde trepidavam as melhores bandas de rock.

O futebol, fonte de emoções populares, gera fama e poder. Os clubes que têm certa autonomia, e que não dependem diretamente de outras empresas, são habitualmente dirigidos por opacos homens de negócios e políticos de segunda que utilizam o futebol como uma catapulta de prestígio para lançar-se ao primeiro plano da popularidade. Há, também, raros casos inversos: homens que põem sua bem merecida fama a serviço do futebol, como o cantor inglês Elton John, que foi presidente do Watford, o time de seus amores, ou o diretor de cinema Francisco Lombardi, que preside o Sporting Cristal do Peru.


Trecho do livro 'Futebol ao sol e a sombra', de Eduardo Galeano

sábado, 2 de maio de 2015

Jornalistas promovem ato público contra perseguição à categoria no Paraná

Caminhada do Primeiro de Maio em Curitiba [foto: Manoel Ramires]
Neste domingo, 3 de maio, data que marca a comemoração do Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, jornalistas paranaenses farão uma manifestação pública em Curitiba em defesa da categoria que vem sofrendo com perseguições e ameaças pelo Estado. O ato, organizado pelo Sindijor-PR (Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Paraná) e pelo Sindicato dos Jornalistas do Norte do Paraná, acontecerá na Feira do Largo da Ordem, a partir das 10 horas.

Na oportunidade será lançada a campanha "BASTA: Chega de perseguição à jornalistas". Os trabalhadores irão vestir preto em luto e repúdio às tentativas de cerceamento o livre exercício profissional. Serão distribuídos panfletos a população e camisetas à categoria.


"A liberdade de imprensa é um direito dos jornalistas de fazer circular livremente as informações, um pressuposto para garantir a democracia. O contrário dela é a censura que limita o poder de ação da imprensa de acordo com seus interesses particulares", comenta Guilherme Carvalho, presidente do Sindijor-PR.


Nesta sexta-feira, 1º de maio, jornalistas também foram as ruas e participaram das manifestações em defesa dos trabalhadores, somando-se na luta dos servidores estaduais contra agressões e perseguições. Eles se juntaram aos servidores na caminhada e no ato no Centro Cívico.

quarta-feira, 4 de março de 2015

Crônica: Estádios e lutas populares

Assembleia dos educadores na Vila Capanema [foto: Joka Madruga]

* Por Manoel Ramires

Atualmente o Paraná Clube é considerado o primo pobre dos clubes da capital paranaense, atrás de Atlético Paranaense e Coritiba. Mas nem sempre foi assim. Sendo resultado da fusão do Pinheiros e Colorado, que também vieram de outra fusões, o time foi seis vezes campeão estadual em dez anos. Possuía a maior sede social e seus frequentadores pertenciam à elite curitibana. No entanto, essa história foi se diluindo e o time de futebol atravessando más fases, estando há sete anos na Série B do futebol nacional e correndo o risco de fechar no fim do ano, segundo um diretor.

Seria um final trágico para o tricolor da Vila Capanema, cujo estádio, Durival Britto e Silva, que era superintendente da Rede de Viação Paraná-Santa Catarina, foi uma doação para o time de futebol formado por seus funcionários, em 1947. Contudo, uma nova áurea pode ter atingido o estádio nesta data: 4 de março de 2015. Neste dia, cerca de 20 mil professores rejeitaram a proposta governamental e decidiram continuar greve contra atrasos salariais e a tentativa do governador Carlos Alberto Richa de se apropriar da Previdência dos trabalhadores.

Agora, a Vila Capanema se une a seleta história de estádios de futebol que foram utilizados a favor da luta dos trabalhadores, na luta de classes. Um deles foi São Januário, do Vasco da Gama, na década de 1940. O Gigante da Colina abrigou as festividades do 1º de Maio em 1941, 42, 43, 45 e 51, promovidas por Getúlio Vargas. Foi neste estádio, por exemplo, que foram anunciadas a criação do salário mínimo e da Justiça do Trabalho. Com média de público de 40 mil pessoas, ocorriam discursos e partidas de futebol, inclusive de times sindicais, como em 1945. Cabe destacar que o Vasco da Gama foi o primeiro clube a permitir negros no campo futebol (honra disputada com Bangu e Ponte Preta na década de 1920).

Se o uso político de estádios de futebol por Getúlio Vargas era considerado positivo para sua imagem na capital da República, Rio de Janeiro, o mesmo não ocorria em São Paulo. O estádio Paulo Machado de Carvalho foi inaugurado em 27 de abril de 1940 e Vargas recebido por enorme vaia dos paulistas. Eles estavam insatisfeitos com o fracasso do golpe dado na chamada Revolução Constitucionalista de 1932. Por outro lado, esse mesmo Pacaembu abrigou evento das centrais sindicais em 2011 e em defesa da pauta dos trabalhadores.

Outro estádio emblemático da classe trabalhadora é o 1º de Maio, em São Bernardo do Campo. Era período da Ditadura Militar e os metalúrgicos já haviam realizados greves em 1978 e 1979. Nessa época, como registra o site ABC de Luta, as greves e as manifestações públicas contra a alta dos preços cresciam cada vez mais. Nesse contexto, o Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo e Diadema, em greve desde o dia 1º de abril (90% da categoria paralisada), com a diretoria cassada e sob a proteção da Igreja, convoca o 1º de Maio para o Estádio da Vila Euclides, sob as bandeiras da “liberdade e autonomia sindical, direito de greve, garantia de emprego, salário mínimo nacional real e unificado, contra a carestia”. Foi esse movimento, inclusive que fundou o Partido dos Trabalhadores e promoveu o sindicalista Luís Inácio Lula da Silva, mais tarde se tornando presidente da República, em 2002.

Perversidade

Os estádios de futebol também foram utilizados contra a luta dos trabalhadores e dos defensores da democracia. Um desses casos ocorreu na Ditadura Militar chilena de Augusto Pinochet (1973). O Estádio Nacional Julio Martínez Prádanos, mais conhecido como Estádio Nacional, serviu de cadeia para cerca de 40 mil presos políticos. No local, os oposicionistas eram torturados e mortos, como o jornalista norte americano Charles Horman (ver filme Missing, de Costa-Gavras) e o artista e músico Víctor Lidio Jara Martínez, que foi assassinado no Estádio do Chile e seu corpo jogado em um matagal, conforme revela a Comissão da Verdade e Reconciliação do Chile, em 1990.

Recomeço

Embora a função social dos estádios não seja abrigar assembleias sindicais, o seu clima se confunde muito com a luta dos trabalhadores. Pois há disputa por uma pauta, por um gol, por uma agenda, por uma vitória. Alegrias e emoções, decepções e agonias se misturam. Há também uma grande diferença e uma grande consciência. O antagonismo é de que o jogo é jogado nas arquibancadas e não no gramado e a semelhança é sobre a imprevisibilidade do resultado. É isso que apaixona no futebol e na greve.

* Manoel Ramires é jornalista e editor no Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Curitiba (Sismuc)

sábado, 7 de fevereiro de 2015

Pela humanização do parto e da saúde!

Grupo realizou ato no calçadão central de Cascavel
Mães, pais, gestantes, profissionais de saúde e ativistas promoveram neste sábado (07/02), em Cascavel, uma mobilização em defesa do Parto Humanizado. Com faixas, cartazes e panfletos, o grupo buscou chamar a atenção para questões como o crescimento da violência obstetrícia e o alto número de cesarianas no país.

Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) recomendam que apenas 15% dos partos sejam realizados por cesáreas. Mas, no Brasil, o “campeão mundial no procedimento”, o percentual chega a 84%, no sistema privado de saúde e 40% no SUS (Sistema Único de Saúde).

A desumanização da saúde pública, a desinformação e preconceito ainda são barreiras a serem superadas para que esse quadro seja alterado. É o que explica Marieli Araújo Marcioli, coordenadora do Gesta Cascavel – Grupo de Apoio à Gestante e ao Parto Ativo. “Ao longo das últimas décadas a mulher deixou de ser a protagonista do parto, sendo pouco encorajada a enfrentar um processo que é natural”, comenta.

O parto de uma gestação de baixo risco pode ser encarado como algo natural como a própria 
concepção. “O corpo da mulher está fisicamente preparado para esse procedimento humanizado. Infelizmente se hospitalizou o parto, tirando das mãos da mulher esse protagonismo e passando ele para os médicos”, destaca Marieli.


Para a coordenadora do Gesta Cascavel, esse primeiro ato surtiu o resultado esperado. “Obviamente que essa é apenas uma primeira iniciativa perto de tudo que ainda precisa acontecer. Mas acho que cumprimos o papel de levar maior informação e dar viabilidade a essa bandeira”, afirma Marieli, completando que o grupo buscou conscientizar pelos direitos das mulheres e crianças diante do parto e um alerta aos casos de violência obstétrica que inclui maus tratos e até mesmo mutilações.

O vereador Paulo Porto (PCdoB), um dos apoiadores do ato, destacou que é ainda há muita desinformação sobre o tema e que é preciso levar esse debate para a esfera pública. “Precisamos pensar políticas públicas que caminhem nesse sentido de humanizar nossa saúde”. Para Porto, um primeiro passo foi dado em Cascavel com o início da construção da nova ala materna do HUOP (Hospital Universitário do Oeste do Paraná), que terá uma estrutura preparada para atender o parto humanizado.

Em janeiro, a Agência Nacional de Saúde divulgou as novas regras para a realização de partos no Brasil. O objetivo da ANS e do Ministério da Saúde é estimular a realização dos partos normais.

Sobre o parto humanizado

* Ter um acompanhante da sua escolha antes, durante e depois do parto (Lei 11.108/2005);
* Ser orientada sobre o trabalho de parto com direito de: alimentar-se, caminhar, tomar banho quente, receber massagens, fazer exercícios na bola e no cavalinho;
* Pode escolher a posição que desejar parir: semi-sentada, deitada de lado, de quatro ou de cócoras junto com seu acompanhante, assistida por médico, enfermeira obstetra ou doula;
* O bebê deve ser colocado no colo da mãe logo após o nascimento, antes do cordão umbilical e antes de qualquer procedimento;
* A amamentação deve ser iniciada ainda na sala de parto, logo nos primeiros 30 minutos após o nascimento;
* Sem corte na vagina (episiotomia) a recuperação pós-parto se torna mais rápida, segura e mais confortável;
* Com o parto natural as complicações são menos freqüentes e o tempo de internação e recuperação é menor.

terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Vitória dos jornalistas contra a truculência e mentira

* Hamilton Octavio de Souza

Nesta segunda-feira, dia 12 de janeiro, a categoria dos jornalistas conseguiu uma importante vitória na defesa dos direitos dos trabalhadores, da verdade e da dignidade da profissão. Trata-se do julgamento do primeiro processo movido por ex-jornalistas da revista Caros Amigos após a violenta demissão ocorrida em 11 de março de 2013, quando toda a equipe foi sumariamente colocada na rua por reivindicar o cumprimento da legislação trabalhista e protestar contra a ameaça de cortes (redução de postos de trabalho) na Redação.

Em audiência na 61ª Vara da Justiça do Trabalho, o juiz André Eduardo Dorster Araújo – após os depoimentos, acareação entre as partes e ameaça de prisão das testemunhas que faltaram com a verdade em seus depoimentos – condenou a Editora Casa Amarela ao pagamento de uma indenização de R$ 60.000,00 (sessenta mil reais) para a jornalista Débora Prado de Oliveira, que foi repórter e editora da revista Caros Amigos entre 2010 e 2013.

Nos depoimentos da empresa, o proprietário Wagner Nabuco e duas funcionárias administrativas declararam que a jornalista não passava de simples free-lancer, não tinha vínculo empregatício com a empresa, ganhava R$ 190,00 por página de matéria, não tinha horário fixo de trabalho e comparecia à Redação apenas “dois dias por mês”. Tais mentiras, contraditadas pela própria Débora Prado e pelos depoimentos dos jornalistas Hamilton Octavio de Souza e Cecília Luedemann, provocaram uma situação rara no Fórum.

O juiz, visivelmente irritado com as mentiras patronais, interrompeu a sessão e chamou as quatro testemunhas para uma conversa reservada em outra sala: ele insistiu que havia contradição evidente, chegou a oferecer uma oportunidade de retratação a quem estava mentindo, mas acabou por determinar que as testemunhas da empresa e as testemunhas da jornalista fossem encaminhados à Polícia Federal para abertura de inquérito com o objetivo de apurar a verdade dos fatos.

Em seguida, homens da Polícia Judiciária Federal levaram os quatro para a sala da segurança do Fórum, onde permaneceram durante um bom tempo, enquanto se providenciava viaturas para o transporte das testemunhas. As funcionárias da Editora Casa Amarela ficaram numa situação realmente constrangedora, obrigadas a uma declaração falsa imposta pelo dono da empresa. Uma delas, diante dos policiais do Judiciário, chegou a desabafar: “Eles se desentendem lá em cima e nós pagamos o pato”. Não era a mesma a situação das testemunhas da jornalista, que tinham prestado declarações corretas e verídicas.

Como a decisão do juiz surpreendeu a todos, em especial a bancada empresarial (advogados e testemunhas), o dono da editora, visivelmente contrariado, pediu a seu advogado para propor acordo com a reclamante, com imediata negociação entre as partes. Após algum tempo de conversa, com proposta e contraproposta, a jornalista Débora Prado concordou com a indenização oferecida pela empresa, desde que os depoimentos dados constassem da ata da audiência, já que revelam tanto a manobra safada da empresa quanto a conduta sincera dos jornalistas.

Ficou evidenciado que o dono da Editora Casa Amarela, Wagner Nabuco, e as duas funcionárias indicadas para testemunhar pela empresa, mentiram escandalosamente perante o Poder Judiciário, inventaram uma versão insustentável, fictícia, totalmente improvável, sem qualquer base na realidade cotidiana de uma Redação – que produzia matérias para o site, a edição mensal da Caros Amigos e para as demais edições especiais feitas entre 2009 e 2013. Tentaram também desqualificar os depoimentos dos jornalistas, mas foram prontamente desmascarados.

Tão vergonhoso como mentir, querer enganar a Justiça do Trabalho e levar vantagem com a exploração de trabalhadores, é o fato do empresário, que vive do lucro, tentar justificar seus desmandos e truculências com a desculpa de que se trata de um projeto empresarial de “esquerda”. Mais vergonhoso ainda é ver jornalistas e intelectuais que se dizem de esquerda dar apoio para uma editora privada que não é entidade coletiva e nem é vinculada a nenhuma cooperativa de trabalhadores ou movimento social, sem o devido questionamento dessa atuação típica da direita, que fere os mais elementares valores da ética e dos direitos humanos.

Pelo menos mais três processos contra a Editora Casa Amarela estão em andamento. Até agora a verdade está com os jornalistas demitidos da Caros Amigos em 2013. A vitória é da categoria, graças à coragem daqueles que são se dobraram aos interesses e ameaças patronais.

Hamilton Octavio de Souza é jornalista e professor. Foi editor-chefe da revista Caros Amigos de fevereiro de 2009 a março de 2013.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Comunicação pública forte só com autonomia e trabalhadores valorizados

Trabalhadores da EBC cruzaram os braços
Nesta terça-feira (9/12), os empregados da Empresa Brasil de Comunicação (EBC) realizam uma paralisação de 24 horas em Brasília, São Paulo, Rio de Janeiro e São Luís. O mote é a aprovação de um novo plano de carreiras da EBC que garanta a autonomia política e editorial e valorize os trabalhadores.

Atualmente, a EBC possui um plano de carreiras com diversos problemas. Empregados tem que trabalhar mais de 100 anos para chegar ao topo da carreira, os pisos salariais estão entre os piores do serviço público, a avaliação de desempenho não tem método justo nem critérios claros e os mecanismos de gratificação são totalmente discricionários.

Isso gera um clima de desânimo, falta de reconhecimento, valorização por proximidade e não pelo desempenho de fato, barganha na concessão de funções gratificadas e dificuldade de mobilidade nos cargos.

Entendemos que o plano de carreiras impacta diretamente as condições para produzir um conteúdo de qualidade e as possibilidades de ingerência política e editorial no cotidiano dos veículos da EBC.

As regras criadas podem, inclusive, servir de modelo para outros locais, para o bem e para o mal. Por isso, acreditamos que a revisão do plano de carreiras da maior empresa pública de comunicação do Brasil está relacionada aos rumos da comunicação pública como um todo no país.

Defendemos que um plano de carreiras deve assegurar perspectivas de carreira, procedimentos justos e equilibrados de progressão e promoção, remunerações adequadas e compatíveis com o serviço público, estímulos concretos à formação e qualificação, metodologias democráticas de avaliação de desempenho, entre outras questões. Somos contrários ao uso de mecanismos de gestão como forma de barganha, retaliação e ameaça, o que mina a independência dos trabalhadores frente a chefias, direções e governos de turno.

Neste sentido, apresentamos um conjunto de propostas após mais de um ano de debates entre os trabalhadores, entre elas: (1) melhoria da tabela salarial com redução de níveis para progredir na carreira e aumento do piso (em assembleia foi aprovada proposta de tabela com piso de R$ 4.400 para nível superior e R$ 3.080 para nível médio); (2) descrição de cargos que respeite a legislação e não abra brechas para acúmulos e desvio de função; (3) equilíbrio entre promoção por mérito e antiguidade; (4) Instituição de uma gratificação por qualificação; e (5) avaliação paritária (com igual peso para avaliação própria, pelos pares e pela chefia).

No entanto, os gestores da empresa acolheram muito pouco desta pauta. Pior, apresentaram propostas preocupantes. Um exemplo é a introdução de pisos diferenciados por carga horária, o que penalizaria as categorias com jornada especial, como radialistas e jornalistas.

Outro é o aumento de funções gratificadas (como funções técnicas e de supervisão), o que, combinado à ausência de procedimentos internos de seleção com regras claras, amplia a dependência dos trabalhadores em relação às chefias.

A paralisação dos trabalhadores da EBC visa sensibilizar a diretoria da empresa, o governo federal e a sociedade para a importância do processo e para a pauta dos empregados. Pois entendemos que o fortalecimento da comunicação pública passa necessariamente pela promoção da sua autonomia e pela valorização dos seus trabalhadores.

Brasília, Rio de Janeiro, São Paulo e São Luís, 4 de dezembro de 2014

Comissão de Empregados da EBC

Sindicato dos Radialistas do DF

Sindicato dos Radialistas do RJ

Sindicato dos Radialistas de SP

Sindicato dos Jornalistas Profissionais do DF

Sindicato dos Jornalistas do RJ

Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de SP

sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Intervenções culturais alteram rotina escolar no bairro Floresta

Apresentações de hip hop
Foi encerrada nesta sexta-feira, dia 28 de novembro, a Semana Cultural do Colégio Estadual Francisco Lima da Silva, no Bairro Floresta, em Cascavel. O evento não é um fato isolado da unidade escolar localizada na região norte do município. O colégio tem promovido vários projetos de intervenção cultural, integrando professores, alunos e comunidade.

A proposta traz uma experiência que costuma fazer parte da rotina de universidades e faculdades. Essas ações tem alterado a rotina escolar e servido também para mudar mentalidades, vencer preconceitos e contribuir para alta estima da comunidade. "Essa é a segunda intervenção cultural que realizamos. Nossa intenção é trabalhar de forma lúdica com os alunos. São momentos que acabam sendo tão importantes para o aprendizado e para formação quantos as aulas dentro de sala", comenta o professor Péricles Ariza.

Durante os últimos dias, professores, alunos e comunidade participaram de oficinas e acompanharam apresentações que abordaram desde a cultura dos povos tradicionais, como o coral da Escola Indígena Araju Porã, de Diamante do Oeste, até a cultura contemporânea, com a arte urbana e shows de hip hop e break.

As oficinas também foram destaque do evento, entre elas, desenho, poesia, grafite, culinária, reutilização de materiais recicláveis, origami e esportes. Apesar das atividades não serem obrigatórias a presença dos alunos é grande. "Temos cerca de 1,3 mil alunos e pelo menos 80% deles participam de nossas intervenções culturais", comenta a diretora Silmar Paschoali.

O rapper Anderson Marcos da Silva, o Andy Combatente, destacou o projeto promovido pelo Colégio Estadual Francisco Lima da Silva. "Nós [Grupo Combatentes] participamos da primeira Semana Cultural e é sempre muito bom voltar a tocar aqui, recitar nossas poesias e passar nossa mensagem dentro do colégio. Conhecimento é tudo", destaca.

Oficina de grafite com Isaac Souza de Jesus

Crianças do coral Guarani de Diamante do Oeste


quinta-feira, 20 de novembro de 2014

'Passaralho': Demissão em massa na Folha de Londrina

Arte: Simon Taylor/Sindijor-PR
Os Sindicatos dos Jornalistas do Norte do Paraná e do Estado do Paraná manifestam sua indignação com as demissões ocorridas nesta quinta-feira (20/11) de 20 profissionais - dos quais oito da redação - na Folha de Londrina, em Londrina, com a alegação de corte nos custos de produção do jornal. O jornalismo no País atravessa um período de crise por sua perda de qualidade e isso está diretamente relacionado à redução do número de jornalistas nas redações.

Nos últimos anos, os leitores viram minguar o número de páginas dos jornais, que chegam às bancas cada vez mais enxutos e com matérias produzidas por assessores de imprensa e agências de notícias. O jornalismo local, de valorização da comunidade, vem perdendo espaço. Isso decorre da visão estreita dos empresários de comunicação que cada vez mais desvalorizam os profissionais que, dia a dia, saem em busca de notícias sobre política, cultura, educação, esporte e tantos outros assuntos que fazem parte do cotidiano de uma cidade.

Em 2013, a presidente Dilma sancionou a lei de nº 12.844/2013, que prevê a desoneração da folha de pagamento para as empresas de comunicação social. Isso ocorreu após reivindicação da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (ABERT), da Associação Nacional dos Jornais (ANJ) e da Associação Nacional dos Editores de Revista (ANER). De acordo com a lei, a contribuição de 20% ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) sobre a folha de pagamento será substituída pela alíquota de 1% do faturamento das empresas.

Os donos da mídia, entretanto, têm promovido demissões em massa pelo Paraná e pelo Brasil. No último mês, foram mais 40 demissões na Gazeta do Povo. Eles mostram que não têm qualquer compromisso com a manutenção de empregos e muito menos com a construção de um país melhor.

Não estão preocupados com a informação de qualidade e com o debate público sobre questões de interesse público. A única preocupação das empresas tem sido o lucro do negócio. Descartar jornalistas experientes e com mais tempo de casa, por terem salários acima do piso da categoria – uma categoria que tem um dos pisos mais baixos entre as várias categorias profissionais – demonstra uma visão que despreza o conteúdo e a qualidade em nome dos interesses comerciais.


A competência, dedicação e compromisso com o bom jornalismo não entram na conta dos donos da mídia. Eles ainda não aprenderam a lição de que jornal se faz com jornalistas.

terça-feira, 11 de novembro de 2014

Embaixador garante que Palestina resistirá aos ataques israelenses

Foto: Joka Madruga/Terra Livre Press 
O embaixador da Palestina no Brasil, Ibrahim Alzeben, garantiu que a população mais antiga do mundo não será extinta. As recentes ondas de ataque ao povo palestino suscitaram dúvidas com relação ao futuro da população, mas Alzeben foi enfático. "Resistiremos pela sobrevivência de um povo", destacou o embaixador em todas as reuniões e palestras que participou em Curitiba.

Alzeben, que é nascido na Jordânia, também uma das vítimas da ocupação israelense, esteve por três dias no Paraná para conversar com autoridades e estudantes em busca de apoio à luta pela liberdade e independência da Palestina. Após reuniões com o prefeito Gustavo Fruet, o vice-governador, Flávio Arns, e o presidente da Câmara, vereador Paulo Salamuni, o embaixador falou para quase 500 pessoas na Faculdade Uninter. 

"Esse contato com outros países é importante para elevarmos o apoio internacional contra o invasão de Israel. A Palestina vai recorrer aos tribunais internacionais pelo fim do genocídio e por sua liberdade", afirmou Alzeben. "Não estamos numa luta religiosa. A guerra, instaurada muito mais pela vontade dos israelenses visando o controle do território, é política. A religião judaica ou a islamita não tem nada com esse conflito", completou. 

Apoio no Paraná

Em 2014, a Organização das Nações Unidas decretou o "Ano Internacional de Solidariedade com o Povo da Palestina" e as embaixadas do país pelo mundo têm buscado ações com aliados para a reconstrução das cidades e doações de alimentos às famílias palestinas. "Com as investidas de Israel cada vez mais brutais, aumenta o sofrimento e a dificuldade de sobrevivência", explicou Alzeben.

Flávio Arns e Gustavo Fruet afirmaram que estudarão ações para campanhas solidárias à Palestina encampadas pelos governos. Na Câmara de Vereadores, o embaixador recebeu um compromisso de parlamentares locais. "Vamos propor um projeto de Lei que nomeie uma cidade-irmã de Curitiba", afirmou o vereador Jorge Bernadi, que acompanhou a audiência. Nablus, cidade localizada ao norte da Cisjordânia, foi escolhida como a possível irmã da capital do Paraná. 

Redes sociais mostram a verdade

A crueldade dos ataques de Israel tem dificultado cada vez mais que as investidas sejam negadas pela grande mídia. Historicamente, a imprensa comercial mostra um viés de “defesa” judaica aos ataques do Hamas do que os ataques iniciados pelos israelenses.

“Esse genocídio não pode mais ser escondido. As empresas de comunicação que ‘encobriam’ a verdade hoje precisam publicar o que aparece pelas mídias sociais, sob risco de descrédito”, ressalta Alzeben.

As redes sociais, aliás, viraram as grandes aliadas. Conectados, palestinos alimentam com informações os movimentos aliados e personalidades mundiais mostrando "o outro lado", o lado real.

Texto: Gustavo Henrique Vidal