Ato em memória de Keno realizado em 2012 |
Nesta
segunda-feira, dia 21 de outubro de 2013, completa-se seis anos do assassinato do
trabalhador sem-terra Valmir Mota de Oliveira, o Keno, na antiga fazenda da
multinacional Syngenta Seeds, em Santa Tereza do Oeste. O militante foi morto após
um ataque de uma milícia armada contratada pela empresa após a ocupação da área
de 127 hectares ,
onde a multinacional suíça mantinha desde 1998 um campo experimental. A ação ainda deixou vários feridos.
A
luta das famílias camponesas, que organizaram o Acampamento Terra Livre e que
permaneceram resistindo por mais de dois anos no espaço, juntamente com o
grande apoio e solidariedade recebidos por organizações de várias partes do
mundo, foi primordial para a importante vitória obtida pelos trabalhadores
camponeses. Foi mediante a grande repercussão do caso e a condenação da
sociedade à ação armada da multinacional que, em 2008, a Syngenta teve que
transferir a posse da área para o Governo do Paraná.
A
empresa suíça Syngenta Seeds, detentora de 19% do mercado de agroquímica e a
terceira de maior lucro na comercialização de sementes no mundo instala em 1998
uma sede em Santa Tereza
do Oeste. Atenta aos crimes ambientais e ao desrespeito a legislação, a Via
Campesina denúncia as irregularidades a órgãos nacionais e internacionais e a
empresa é multada em R$ 1 milhão
pelo Ibama.
No
dia 14 de março de 2006, a
área é ocupada, com ampla repercussão internacional. As 70 famílias camponesas
permanecem até novembro de 2006 no local, quando o Estado do Paraná cumpre
liminar de reintegração de posse expedida pela Justiça de Cascavel. As famílias
retornam ao local depois que a área foi desapropriada pelo governo para a
criação de um Centro de Agroecologia.
Em
18 de julho de 2007, os sem-terra cumprem ordem judicial e as famílias se
deslocam para o assentamento Olga Benário, em Santa Tereza do
Oeste. Em outubro de 2007, a
área é reocupada, após os rumores de que a terra estava sendo preparada para
plantação de soja e milho transgênico, o que desrespeita a regras de um centro
de agroecologia.
Após
a nova ocupação, em uma ação covarde e sorrateira de uma milícia contratada
pela multinacional, pelo menos 10 sem-terra são feridos e um deles é executado.
No confronto, um dos milicianos também é morto. O caso é denunciado em todo o
Brasil, em tribunais internacionais, entre eles, o país de origem da empresa. A
longa resistência da Via Campesina e do MST garantem a conquista da área e o
compromisso do Estado.
Passados
seis anos do episódio – que também vitimou um dos seguranças contratados pela
empresa – o crime segue impune. Da mesma forma,
a multinacional segue recorrendo da multa de R$ 1 milhão de reais imposta pelo
IBAMA, pelos experimentos na área de amortecimento do Parque Nacional do
Iguaçu, patrimônio da humanidade declarado pela Unesco.
A
ação penal que apura as responsabilidades pelo assassinato ainda está longe do
fim, já que o processo ainda não ultrapassou a fase de oitivas de testemunhas.
Depois de ouvidas todas as testemunhas, o juiz decidirá quem irá a júri popular
pelo assassinato de Keno e do funcionário da NF Segurança Fábio Ferreira.
Após
o episódio, o próprio embaixador suíço Rudolf Bärfuss pediu desculpas a Íris
Oliveira, com as seguintes palavras. "Em nome do governo do meu país, eu
quero pedir desculpas". Na época, Íris entregou uma carta ao embaixador
exigindo que o governo suíço ajudasse na punição à Syngenta pelo ato de
violência e pelos crimes ambientais dos quais é acusada.
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