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Os trabalhadores do Diário do Pará e do DOL, grupo de propriedade do político Jader Barbalho completam nesta sexta-feira (27/09) uma semana de greve por melhores salários e condições de trabalho. Confiram abaixo a segunda carta da comissão de trabalhadores enviada aos leitores com os esclarecimentos sobre a paralisação.
"Os trabalhadores do jornal Diário do Pará e do Diário
Online (DOL) chegam ao sétimo dia de greve nesta sexta-feira. Estamos
fortalecidos pela certeza de cumprir um papel fundamental na conscientização de
jornalistas do Brasil inteiro quanto à necessidade de mobilização de nossa
categoria profissional por melhores condições de trabalho e salário, embora,
infelizmente, para a direção da empresa, toda a nossa mobilização não passe de
atos de vandalismo e radicalismo.
Porém, nenhuma das pessoas presentes em nossas
manifestações tem agido com força ou violência, como a direção da empresa
insiste em propagar. Em
nossos atos, temos cuidado para que ninguém sequer toque em qualquer veículo ou
outro patrimônio material do grupo RBA e de particulares, muito menos existiu
qualquer agressão física contra qualquer pessoa. O único ato mais extremado
durante nossas manifestações diárias foi justamente uma agressão praticada
pelos numerosos seguranças contratados pela empresa contra a diretora do
Sindicato dos Jornalistas do Pará, Eliete Ramos - que registrou B.O e fez exame
de corpo de delito –, e os jornalistas em greve, fato que está registrado nas
redes sociais, em fotos e vídeos.
Afinal, não é verdadeira a crença de que a única maneira
de conseguirmos o que desejamos é através do uso da força e violência, como
afirma a carta enviada pela Diretoria. Contra fatos, não há argumentos. Temos
razões suficientes para fazermos o que estamos fazendo – conhecidas de perto
por quem compartilha conosco o ambiente da redação.
Nossa primeira conversa pós-greve se deu graças à
tentativa do diretor financeiro Francisco Melo em mediar um contato com Jader Filho.
Nesse papo, o próprio declarou a intransigência do chefe em relação a muitos
pontos sobre os quais gostaríamos de negociar, conforme já contamos em nossa
última carta-resposta.
Não é à toa que, apesar do pouco espaço que uma greve de
jornalistas consegue na grande imprensa, profissionais da comunicação de todos
os estados brasileiros sabem o que está acontecendo em Belém, no Pará, e têm
manifestado seu apoio por meio de blogs, redes sociais e discursos públicos.
Entendemos o incômodo da direção do Grupo RBA de Comunicação com a exposição
negativa que têm recebido, mas reafirmamos que nossos atos públicos, realizados
diariamente em frente à sede da empresa, na avenida Almirante Barroso, em nada
ferem a legalidade de manifestação de uma classe trabalhadora que luta por
direitos. Muito além disso, nossa greve e manifestações têm contado com o apoio
incondicional de grande parte da sociedade belenense, que contribui
financeiramente, buzina ou aplaude durantes as mobilizações a céu aberto.
Ontem, por exemplo, pouco antes do último comunicado ser
enviado, duas turmas de estudantes de jornalismo da UFPA participaram de uma
grande aula aberta junto aos manifestantes. Entre várias reflexões sobre o
mercado de trabalho e as motivações da greve, dançamos uma ciranda embalada
pela música d’Os Saltimbancos na avenida Almirante Barroso. Como pode ser
vandalismo isso?
Reiteramos que o Comando de Greve protocolou nesta
quinta-feira uma contraproposta à empresa, reforçando nossa disposição em
negociar o fim de nossa greve em termos que beneficiem tanto os trabalhadores
grevistas quanto a própria empresa. Nenhum de nós quer manter esta paralisação,
pois amamos o ofício que escolhemos para nossas vidas, mas entendemos que
estamos no exercício legal de nossos direitos enquanto trabalhadores. Até o
começo da greve não houve uma mesa de negociação entre a empresa e o Comando,
ao contrário do que afirma a carta enviada pela Diretoria.
A última proposta apresentada, mencionada pela empresa,
já garante à categoria o maior reajuste salarial já dado para qualquer
categoria do Brasil nos últimos anos. Isso diante de um cenário onde já havia
apenas R$ 70,00 a
mais em nossos contracheques, o que representaria o único aumento ao qual
teríamos direito não fosse nossa mobilização. Porém, há pontos como o salário
dos editores do Diário do Pará, dos coordenadores do DOL, e até mesmo sobre o
piso salarial que não foram mencionados na proposta, assim como a questão da
estabilidade pós-greve.
E essa proposta apresentada pela empresa não pode ser
chamada de negociação, e sim de imposição, uma vez que, através do seu
advogado, o Grupo RBA afirmou que essa seria a sua última proposta. Rogamos à
direção que esta sim aja com menos intransigência e se disponha a ouvir nossas
reivindicações, porque somos mais que mera força de trabalho, e sim jovens,
homens e mulheres pensantes e dispostos a negociar. Pessoas do Brasil inteiro
têm nos dado ouvidos e apoio ao longo dos últimos sete dias. A empresa poderia
seguir esse exemplo, pois não há marketing melhor e nem maneira mais eficaz de
impulsionar o crescimento do que profissionais satisfeitos em seu trabalho.
Queremos retornar às nossas funções e, de novo, retomar o compromisso que
abraçamos: produzir informação de qualidade.
Para que não reste dúvida, reiteramos que a palavra
‘negociar’ permanece em nosso vocabulário, sim. E é um verbo que jamais
abandonaremos."
Comissão de trabalhadores do Diário do Pará e DOL
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