O momento é de recuperação da memória daqueles personagens
que a ditadura militar fez questão de eliminar da história, do restabelecimento
da verdade e a busca da justiça com aqueles que lutaram contra uma página
infeliz de nossa história. Carlos Marighella (1911-1969) foi um desses bravos
que a histografia oficial – aquela contada nos livros didáticos – fez questão
de apagar ou de transformar em vilão.
Sessão solene no Senado [foto: Pedro França] |
Durante o evento no Senado, também foi lançado o livro Rádio
Libertadora, a palavra de Carlos Marighella, que relata as facetas do político,
do guerrilheiro e do poeta brasileiro. Marighella criou a Rádio Libertadora
como alternativa à censura imposta pelos militares contra a imprensa. Gravações
feitas pelo próprio Marighella eram repassadas às rádios ou veiculadas em
auto-falantes, até hoje preservadas pelo Arquivo Histórico do Movimento
Operário Brasileiro (ASMOB), foram transcritas e reunidas no livro que faz
parte do Projeto Marcas da Memória, da Comissão de Anistia. Os discursos
transcritos na obra foram gravados por Marighella nas sessões de abril a agosto
de 1969, na Rádio Libertadora.
O líder da ALN foi deputado federal pelo Estado da Bahia,
pelo Partido Comunista Brasileiro (PCB) na Constituinte de 1946. Foi cassado
pela ditadura em 1947. Antes, chegou a ser preso nos anos de 1932, 1936 e 1937.
Foi assassinado em 4 de novembro 1969, numa emboscada feita por agentes do DOPS
em São Paulo.
Em novembro do ano passado, o governo brasileiro, por meio
da Comissão da Anistia, Carlos Marighella foi anistiado post mortem, depois do
pedido feito pelo filho e esposa do guerrilheiro – que não chegaram a pedir
reparação econômica. O requerimento dos familiares foi enquadrado na Lei
10.559/02. Cerca de 150 volumes de processo arquivados no Supremo Tribunal
Militar (STM) comprovaram a perseguição, além do processo nº 202/96 da Comissão
de Mortos e Desaparecidos e certidão de 106 páginas enviadas pelo Arquivo
Nacional.
* Nota do editor: Em um Senado cada vez mais conservador,
corporativista e com viés classista, é bom ver algumas fagulhas progressistas
como essa justa homenagem a Carlos Marighella, “mártir ou mito, um maldito
sonhador, um novo messias”, como versa a música a composição do Mano Brown, na
música 'Mil faces de um homem leal', que também homenageia esse herói nacional.
Com informações da Agência Brasil
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