Às vésperas do 40º dia de censura de seu sítio na internet, o blogueiro Esmael Morais ganhou voz por meio de uma rede solidária de blogs, portais, jornais e ferramentas como twitter e facebook, que reproduzirão sua coluna. São mais de 400 páginas, todas contrárias a ação orquestrada a pedido do governador Beto Richa, que tirou do ar (pela 5ª vez) a página: http://esmaelmorais.com.br/.
Muitos devem conhecer a saga desse blogueiro dos pinheirais, considerado pelo tucano um de seus “inimigos públicos”. Só esse fato já me soa estranho; um governador de um Estado tão importante, considerado o “melhor prefeito das galáxias”, preocupado com um blog, justo um blog, ferramenta por vezes ignorada e desacreditada por uma série de políticos – que ainda acreditam que a liberdade de expressão se reflete em sua essência na mídia tradicional, sua eterna aliada comercial e editorial.
Incomodado com a exposição de uma série de denúncias que vão desde o enterrado caso “Betogate” em sua reeleição na capital até o impedimento da divulgação de uma série de pesquisas eleitorais na disputa ao Governo do Estado, o tucano apelou à nossa Justiça, que investiu e interviu contra a liberdade de expressão.
Dentro desse cenário, um ponto em especial chamou minha atenção. Parafraseando Luther King: “o silêncio de alguns bons”. Foram centenas de contrários à ação – prova disso é a reprodução em massa da coluna do blogueiro a partir dessa segunda-feira – porém percebi que muitos colegas da imprensa tradicional, assessores políticos e até mesmo nossa entidade representativa de classe (a qual pertenço) não deram a devida importância a situação como deram a outros casos de ferimento da liberdade de expressão (de não menos gravidade por sinal).
A censura ao blogueiro foi por vezes minimizada e descredibilitada, talvez pelo personagem central ser o manager do Estado, tão querido da mídia tradicional (nós aqui do velho oeste que o diga). Imagino a reação se o blogueiro fosse outro, ou melhor, se o manager fosse alguma persona non grata da mídia. Talvez egos seriam feridos com maior facilidade e o “corporativismo apaixonado de classe voltaria a cena”.
Não se trata de gostar ou não do blogueiro Esmael (o qual não conheço pessoalmente), trata-se de ir contra a ação política, à arbitrariedades que atentem contra a liberdade de expressão protagonizada por um representante de voto popular, seja qual sigla ou cargo ele carregue.
Beto tentou calar Esmael, mas o feitiço se voltou. Nosso manager deu margem para sua voz ser replicada por centenas em uma rede solidária. Será que todos esses reprodutores sofrerão intervenção da Justiça ou será que, enfim, alguns políticos aprenderão a lição de Rousseau: “posso não concordar com uma palavra que dizes, mas defenderei até a morte, o direito de dizê-la”.
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