Ilustração de Carlos Latuff |
Em março do ano passado, quando da visita de Lula ao Oriente Médio, escrevi um artigo intitulado “A Intifada e as gafes”. Na época, nosso ex-presidente foi massacrado pela grande mídia que considerou sua visita um fracasso para as relações exteriores.
Grandes órgãos da “mídia limpinha” – que tem juízos de valores reproduzidos em meios regionais e locais - consideraram uma gafe a recusa de Lula em visitar o túmulo de Theodor Herzl, o pai do sionismo, movimento que criou o Estado de Israel.
Para quem não sabe o sonho de Herzl, o cara da “gafe de Lula”, era fazer valer um intitulado “direito ancestral” de seu povo por meio de colonização de terras, que se transformou em uma espécie de “limpeza étnica”. Esse processo começou ainda 1882, data do primeiro assentamento sionista em território palestino.
A decisão de Lula em não visitar o túmulo foi encarada como afronta pela horda de moralizadores de ocasião, que aproveitaram a oportunidade para descer a ripa no então “presida”.
Pois bem, o artigo de 2010 me veio à lembrança nesse fim de semana, oportunidade onde os palestinos lembraram do Nakba, o êxodo palestino ocorrido em 1948. O termo Nakba significa catástrofe – que teve início quando mais de 700 mil palestinos tiveram que fugir de suas terras em decorrência da perseguição de tropas do Estado de Israel. Após os acontecimentos, o governo de Israel implantou uma série de leis para impedir a volta desses palestinos, como também impedir que eles exigissem seu direito a propriedade.
Atualmente são cerca de 4,5 milhões de refugiados palestinos e seus descendentes. Nos dias da lembrança do Nakba (de 13 a 15 de maio), os palestinos reivindicam seu direito de voltar a sua terra e que se faça cumprir por parte de Israel, a resolução 194 da ONU, que garante direito de regresso dos refugiados.
Como de praxe, as “comemorações” do Nakba são duramente repreendidas pelo Estado de Israel e, nesse fim de semana, não foi diferente. As manifestações foram contidas por meio da força, o que a grande mídia limpinha (de mitos como da "imparcialidade") pautou como “confronto” entre israelenses e palestinos, mesmo o embate sendo de pedras contra tanques e helicópteros de um dos exércitos mais bem equipados do mundo.
Centenas de feridos e presos e até o momento - pelo que sabe - 16 palestinos foram mortos. De acordo com as fontes israelenses, os “manifestantes teriam sido mortos por estarem atirando pedras”.
Enfim, voltando ao artigo “A Intifada e as gafes” – feito em março de 2010 – falei sobre uma verdadeira “intifada midiática”, quando se trata do complexo conflito envolvendo palestinos e israelenses. Uma intifada que segue tentando descontextualizar fatos. Isso fica explícito na postagem do blog do Jornalismo B (@jornalismob) “Dezesseis palestinos mortos: confronto ou massacre? http://bit.ly/iRIL9z que apresenta uma clipagem das manchetes de grandes jornais e emissoras de televisão.
Mais detalhes sobre o Nakba, no vídeo sugerido pela amiga jornalista Carol Wadi
Quem quiser conferir o artigo "A Intifada e as gafes", publicado na Gazeta do Paraná e reproduzido pelo Observatório da Imprensa, o link é:
Outra sugestão para os seguidores do Sítio é o documentário: Peace, Propaganda & the Promised Land
ótimo post meu irmão...
ResponderExcluiressa mídia limpinha que tanto manipula
precisa de umas pedradas - em forma de palavras...
e é bom que eles saibam... não podem matar nossas ideias...