Coletiva com Stédile na Escola Milton Santos [foto: Paulo Porto] |
"Os meios de comunicação do
Brasil se transformaram numa arma da burguesia, num negócio que lucra
financeiramente e pela reprodução das ideias da classe dominante". Quem opina é o militante João Pedro Stédile,
da coordenação nacional do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) e da Via Campesina,
que entre os dias 07 e 10 de agosto esteve presente na 12ª Jornada de
Agroecologia, realizada na Escola Milton Santos, em Maringá (PR).
A declaração acima foi uma
resposta a questionamento surgido em entrevista coletiva ao Setor de
Comunicação da Jornada e veículos alternativos, entre eles o Sítio Coletivo,
sobre os motivos para o governo Dilma Rousseff evitar o debate sobre a
regulamentação e democratização dos meios de comunicação. Para Stédile, a fuga do tema da mídia faz parte
da política de aliança de conciliação de classes caracterizada no governo.
O líder da Via Campesina
fez uma analogia a luta pela terra. "O tema da democratização da comunicação é
muito parecido com a Reforma Agrária, porque ele propõe democratizar algo que a
burguesia tem como patrimônio sagrado deles", afirma Stédile. Apesar desse
cenário, o militante é otimista que esse debate possa avançar a partir da série
de manifestações nas ruas que vem acontecendo pelo país. "Não foi a toa que vários
protestos terminaram na porta da Globo", destacou.
Stédile destacou iniciativas populares que
buscam a democratização dos meios de comunicação, como o Projeto de Lei de
Iniciativa Popular, proposta pelo FNDC (Fórum Nacional de Democratização da
Comunicação), onde os movimentos sociais estão colhendo assinatura para levar
um projeto de lei ao Congresso tendo como principal objetivo regulamentar os
artigos da Constituição Federal que versam sobre Comunicação Social.
Para João Pedro Stédile,
essa iniciativa foi motivada pelo abandono do projeto de regulação dos meios de
comunicação por parte do governo federal. "Foi um recado dos movimentos sociais para o ministro Paulo Bernardo
[Comunicações]: já que vocês têm vergonha do filho de vocês, nós estamos adotando", disse o militante, ressaltando que a uma democratização real da
mídia só será possível com um amplo movimento popular nas ruas. "Essa luta só está começando", concluiu.
Indígenas
A questão indígena também
esteve em pauta na coletiva com Stédile. Questionado por
esse blogueiro sobre o atual cenário de luta dos povos tradicionais, ele
declarou apoio e total solidariedade da Via Campesina a questão que
considera 'intocável'. "Temos a obrigação moral de preservar as terras tradicionais,
isso não se trata de folclore, mas de uma questão ética com esses povos que vem
sendo massacrados ao longo da história", destacou.
Indagado sobre o avanço
do agronegócio aos territórios indígenas, o membro da direção do MST destacou
que a preocupação dos grandes proprietários de terra refere-se à politização do
embate. "No início eles [indígenas] acreditavam na lei e governo, agora eles
passaram a entender que trata-se de luta de classes", ressaltou Stédile, que
considera que no cenário atual as demarcações de terras tradicionais representam
o grande entrave ao avanço do agronegócio.
Jornada
Com o lema "Terra Livre de
Transgênicos e Sem Agrotóxicos", a Jornada de Agroecologia 2013 visou a
construção de um Projeto Popular e Soberano para a agricultura, em
contrapartida às empresas transnacionais do agronegócio. Aproximadamente 3,5
mil pessoas participaram da edição que foi encerrada com o lançamento do Plano
Nacional de Agroecologia, além da aprovação de moções por uma constituinte
exclusiva para uma reforma política no Brasil;
de repúdio aos esquemas de espionagem do Governo dos Estados Unidos
contra o Brasil, América Latina e o Mundo; de apoio à Escola Milton Santos e em
apoio aos povos indígenas e comunidades tradicionais, que têm sofrido inúmeras
violações por parte de latifundiários e do poder público.
Confira mais imagens da 12ª Jornada de Agroecologia neste link
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