Misto de maldito transgressor, gonzo
jornalista e vocalista "old school". Conheci o cara no final de 2001
quando ainda cursava meu segundo ano do curso de Comunicação Social. Estava
prestes a assumir meu primeiro emprego, sem saber ao certo com quem iria me
deparar. Levado por outro "maluco" até o jornal, pensei que a primeira reação
do meu primeiro editor seria dizer: "Mais um cabeludo para me dar problemas
(sic)". E não deu outra. Lembro bem do Dimas, ao se dirigir ao Alexandre e com ironia exclamar: "Já não chega um!..".
Meu primeiro contato com o "eterno editor" foi rápido, como reza a lenda dos "malditos jornalistas". Ele estava
com seu "uniforme" diário de trabalho e suas ferramentas habituais. Trajava
pijama (pois morava no emprego), pantufa nos pés, cabelos desgrenhados e barba
por fazer. Um cinzeiro repleto de bitucas de cigarros e uma xícara grande de
café. Algumas anotações em uma página aberta do Word, que dividia espaço na
tela com um site especializado em música e outra janela com um jogo em rede.
Me cumprimentou, deu as boas vindas e
sem levantar da cadeira pediu para o outro maluco me mostrar como tudo
funcionava. Dimas tinha um olhar clínico para as coisas que
aconteciam. Um idealista que acreditava que poderia transformar o mundo, dentro
é claro de seus próprios limites. Buscava quebrar paradigmas e romper com os
tradicionalismos de nossa função. Não se preocupava com o poder e, por vezes, o ironizava.
Reclamava dos limites da
função, pois se sentia amordaçado por linhas editoriais, as quais conseguia
driblar como ninguém, usando de metáforas e das chamadas por ele mesmo de "suas
viagens". Como todo gênio, era genioso e por muitas vezes incompreendido.
Considerado também um personagem
folclórico da cena rock n' roll da "Londres paranaense", não tinha vergonha alguma em dizer que demorou quase oito anos para se formar, pois precisava
dedicar tempo a sua música, que junto com o jornalismo eram suas grandes
paixões. Depois de passagens por General X e Blue-Up, ele criou a Fahrenheit
451, bandas do cenário underground.
O nome de sua última banda é alusão ao
filme de Truffaut, que conta a história de um futuro em que a
ditadura queimava livros considerados subversivos: bem a cara do editor. Fazia
parte de um grupo de jornalistas raros nos dias de hoje, discípulos de outros
malucos como Vlado, Patarra, Tarso, Capote ou Hunter. Não parava em muitos
lugares, após se formar em Londrina, atuou em vários meios de comunicação, em
especial em Umuarama, onde criou o semanal Tempo Certo e ficou conhecido pela
coluna ''Boca no Trombone".
Dimas Gimenes nos deixou há cinco anos, em
05 de dezembro de 2007, então com 43 anos. Esteja ele onde estiver, "Dimeira" - apelido dado pelo camarada Marcos Machado - deve estar
escrevendo um de seus artigos ou compondo uma de suas canções com uma xícara de café ou uma dose de uísque em
uma das mãos.
Esse outro cabeludo deve ser o Moura... depois tento procurar aquele artigo do primeiro dia do resto de nossas vidas para re-compartilhar. Além de gênio dava pra chamar de poeta. A "porcaria" do Tribuna ainda funciona por que eu diagramo ele hahaha mas não tem nada a ver com aquela época... Quem sabe uma hora dessas não montamos um novo jornal com mais do mesmo, só que com notícias quentes.
ResponderExcluirFiguras como Dimas - aliás, trocamos muitas figurinhas nos velhos tempos - são imortais porque sua qualidade sobrevive a qualquer tempo.
ResponderExcluirInúmeras vezes lembramos Dimas, principalmente com o Yuri Fagundes, que também manterá para sempre a mística do Dimas.
Em suma, gente da nossa laia!