Entidades reuniram-se na Unioeste, em Cascavel |
Trazer à luz um período triste e cruel que muitos desconhecem. Com esse objetivo, entidades representativas reuniram-se nesta quarta-feira (04/12) no campus de Cascavel da Unioeste (Universidade Estadual do Oeste do Paraná) para constituição do Comitê da Memória, Justiça e Verdade do Oeste do Paraná. A ideia é fazer um trabalho de apuração de crimes e violações de direitos humanos durante a ditadura militar, entre os anos de 1964 a 1985, por meio de pesquisas e coleta de dados, audiências públicas e entrevistas com pessoas que vivenciaram esta época e familiares daqueles que foram atingidos pela violência e repressão nos anos de chumbo no país.
O Comitê do Oeste irá auxiliar os trabalhos da Comissão Estadual da Verdade do Paraná (CEV) e da Comissão Nacional da Verdade (CNV), criada pela Lei 12.528/2011 e instituída em 16 de maio de 2012. Em Cascavel, a idealização partiu da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Subseção de Cascavel, em conjunto com professores e pesquisadores da Unioeste.
O advogado Yves Consentino Cordeiro, único representante do interior entre os sete membros da Comissão Estadual, explica que apesar de outro contexto, anos que se passaram, a memória segue viva em muitas famílias que sofreram com a repressão em nossa região. "Isso não aconteceu somente no Oeste, mas também no Sudoeste, em municípios como Capanema, Santo Antônio do Sudoeste, onde houve uma resistência maior aos golpistas", diz o advogado, que foi preso várias vezes quando estudante em Curitiba.
Presos políticos
O historiador Aluizio Palmar, do Centro de Direitos Humanos e Memória Popular (CDHMP) de Foz do Iguaçu, explicou como estão sendo desenvolvidos os trabalhos da Rede Brasil Memória, Verdade e Justiça, que agrega comitês locais e regionais que realizam pesquisas sobre o período. "Nossa região foi palco de violações de toda natureza, chacinas, torturas, violações sindicais".
No mês de junho, uma audiência pública da Comissão Estadual da Verdade do Paraná (CEV), ouviu nove ex-presos políticos: Adão Luiz Almeida, Ana Beatriz Fortes, Rodolfo Mongelos Leguizamon, Lilian Ruggia, Luiz Alberto Fávero, Isabel Fávero, Gilberto Giovannetti, Jair Kischeke e o próprio Palmar. Também foram onvocados para depor, Otávio Rainolfo da Silva, ex-soldado do Exército Brasileiro, e Mario Espedito Ostrovski, ex-tenente do Batalhão de Fronteira de Foz do Iguaçu, porém estes não compareceram.
Palmar informou que na região Sul do país há cinco comitês no Rio Grande do Sul (dois em Porto Alegre e os demais em Pelotas, Santa Maria e Passo Fundo), dois em Santa Catarina (Florianópolis e Criciúma) e no Paraná, além do CDHMP, há o Fórum Paranaense em Curitiba e um comitê sendo constituído em Maringá.
Audiência em Cascavel
Além da constituição do Comitê da região Oeste, as entidades iniciaram encaminhamentos acerca da realização de uma audiência pública da Comissão Estadual na cidade de Cascavel, que será realizada em março de 2014, no campus de Cascavel da Unioeste.
“Esta foi uma região muito violenta, do campo às cidades. Área de segurança nacional, foi espaço em que reinaram absolutos os militares golpistas nomeados como prefeitos e mandatários da Itaipu. Terra também de dedo duros, assassinos e troca entre presos políticos do Brasil, Argentina e Paraguai”, comenta o historiador e professor da Unioeste, Alexandre Fiuza.
A primeira reunião do grupo reuniu representantes da OAB, Unioeste, Adunioeste, Câmara Municipal de Cascavel, Instituto Mario Alves, Levante Popular da Juventude, Movimento em Defesa dos Povos Indígenas do Oeste do Paraná, Partido Comunista Brasileiro (PCB), Partido Comunista do Brasil (PCdoB), Partido dos Trabalhadores (PT), Pastoral da Juventude (PJ), Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Paraná (Sindijor-PR), Universidade Latino Americana (Unila), União da Juventude Socialista (UJS). A intenção dos organizadores é agregar outras entidades que tenham o interesse em participar dos trabalhos.
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