Ilson entrega documento a ministra |
Com apoio do
movimento estudantil, professores e simpatizantes, indígenas de Guaíra
promoveram neste sábado (30/11) uma manifestação na cidade de Marechal Cândido
Rondon, no Oeste do Paraná, oportunidade em que autoridades do Governo Federal fizeram o lançamento
oficial do CAR (Cadastro Ambiental Rural) a produtores rurais. Durante o ato, a ministra
chefe da Casa Civil Gleisi Hoffmann (PT) recebeu um documento denunciando os
crimes contra as comunidades tradicionais, a disseminação de uma campanha de
ódio e intolerância contra os indígenas e alertando para a necessidade da
retomada de estudos e demarcações das terras indígenas na região.
Apesar do
grande aparato policial para acompanhar os manifestantes, o ato transcorreu de
forma tranquila, com os Guarani entoando palavra de ordem e exibindo cartazes e
faixas pedindo a retomada imediata dos estudos por de GTs (Grupos de Trabalhos)
e demarcações das terras tradicionais na Oeste do Estado.
A carta a
ministra foi entregue pelo cacique Ilson Soares, do Tehoka Y’hovy, aldeia no município
de Guaíra. Em contato com o blog, Ilson disse que os indígenas esperam uma
resposta imediata das autoridades na busca de uma solução pacífica para os
conflitos. Ele aproveitou para agradecer a presença dos apoiadores da causa indígena. "Tivemos grande apoio do movimento estudantil, de professores, entregamos uma
carta de repúdio que foi elaborada pelos estudantes com relação a suspenção dos
processos de demarcação de terras e sobre a morte do nosso irmão Bernardino
Dávolo".
Sobre a
reação de Gleisi Hoffmann, o cacique ponderou: “Ela recebeu a carta, mas disse
que questões judiciárias não seriam de sua competência”. A ministra garantiu
aos Guarani que nas próximas semanas o ministro da Justiça, José Eduardo
Cardozo, estaria na região para tentativas de negociações. Vale lembrar
que o Ministério da Justiça enviou ao Congresso Nacional uma minuta de portaria
para reduzir os poderes da FUNAI (Fundação Nacional do Índio) na demarcação de
terras indígenas. Já Cardozo tem gavetas abarrotadas de processos de
demarcação, que aguardam decisão há anos.
Na condição
de ministro, não tem conseguido equacionar o pagamento de indenizações e as
negociações junto a proprietários rurais e ao governo do Mato Grosso do Sul,
principal foco atual de conflitos envolvendo a demarcação de terras indígenas e
chegou a ordenar a invasão de aldeias de índios Munduruku, no Pará, pela Força
Nacional de Segurança, que matou um índio e feriu outros.
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