sábado, 30 de novembro de 2013

Movimento indígena entrega carta a Gleisi Hoffmann



Ilson entrega documento a ministra

Com apoio do movimento estudantil, professores e simpatizantes, indígenas de Guaíra promoveram neste sábado (30/11) uma manifestação na cidade de Marechal Cândido Rondon, no Oeste do Paraná, oportunidade em que autoridades do Governo Federal fizeram o lançamento oficial do CAR (Cadastro Ambiental Rural) a produtores rurais. Durante o ato, a ministra chefe da Casa Civil Gleisi Hoffmann (PT) recebeu um documento denunciando os crimes contra as comunidades tradicionais, a disseminação de uma campanha de ódio e intolerância contra os indígenas e alertando para a necessidade da retomada de estudos e demarcações das terras indígenas na região.


Apesar do grande aparato policial para acompanhar os manifestantes, o ato transcorreu de forma tranquila, com os Guarani entoando palavra de ordem e exibindo cartazes e faixas pedindo a retomada imediata dos estudos por de GTs (Grupos de Trabalhos) e demarcações das terras tradicionais na Oeste do Estado.  
 

A carta a ministra foi entregue pelo cacique Ilson Soares, do Tehoka Y’hovy, aldeia no município de Guaíra. Em contato com o blog, Ilson disse que os indígenas esperam uma resposta imediata das autoridades na busca de uma solução pacífica para os conflitos. Ele aproveitou para agradecer a presença dos apoiadores da causa indígena. "Tivemos grande apoio do movimento estudantil, de professores, entregamos uma carta de repúdio que foi elaborada pelos estudantes com relação a suspenção dos processos de demarcação de terras e sobre a morte do nosso irmão Bernardino Dávolo".


Sobre a reação de Gleisi Hoffmann, o cacique ponderou: “Ela recebeu a carta, mas disse que questões judiciárias não seriam de sua competência”. A ministra garantiu aos Guarani que nas próximas semanas o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, estaria na região para tentativas de negociações. Vale lembrar que o Ministério da Justiça enviou ao Congresso Nacional uma minuta de portaria para reduzir os poderes da FUNAI (Fundação Nacional do Índio) na demarcação de terras indígenas. Já Cardozo tem gavetas abarrotadas de processos de demarcação, que aguardam decisão há anos.


Na condição de ministro, não tem conseguido equacionar o pagamento de indenizações e as negociações junto a proprietários rurais e ao governo do Mato Grosso do Sul, principal foco atual de conflitos envolvendo a demarcação de terras indígenas e chegou a ordenar a invasão de aldeias de índios Munduruku, no Pará, pela Força Nacional de Segurança, que matou um índio e feriu outros.



"Pode ser que nosso ato não surta efeto, mas conseguimos mostrar que existimos e também conseguimos chamar a atenção das autoridades", concluiu o cacique Ilson, em relato ao Sítio Coletivo.

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