Alex pula sobre o goleiro Silvio, após marcar o gol da vitória e do título |
"Em que o futebol se parece com Deus?
Na devoção que desperta em muitos crentes e
na desconfiança que desperta em muitos intelectuais".
Início esse texto - último do ano - com uma citação do livro 'Futebol ao sol e a sombra', do uruguaio Eduardo Galeano. A frase expressa bem o que sente o fanático, aquele que chega ao estádio embrulhado na bandeira, com a cara pintada com as cores do time adorado, que na onipotência dos domingos exorciza a vida obediente do resto da semana.
Sou um réu confesso quando o assunto é futebol, sou um apaixonado por esse universo de perdas e conquistas, de histórias que ultrapassam as quatro linhas. Réu confesso que beira a insanidade, do bando de fervorosos das arquibancadas, bares ou de suas casas com o coração nas mãos.
Nesse calendário desta festa pagã - chamada futebol - há datas que são especiais. Há exatos 10 anos, no dia 23 de dezembro de 2001, o Brasil se rendia ao rubro-negro paranaense – apesar do sempre preconceito existente na imprensa paulista e carioca – que reconhecia que o Atlético praticava o melhor futebol do país.
Há uma década, o Furacão consagrava-se campeão brasileiro – numa campanha iniciada no dia 2 de agosto de 2001 com uma vitória de 2 a 0 diante do Grêmio e que teve como desfecho a partida final de dia chuvoso em São Caetano do Sul. Um jogo que expressou a garra rubro-negra – que suportou a pressão do São Caetano – e que teve o bote final aos 22 minutos do segundo tempo, após a arrancada pela esquerda do lateral Fabiano. Depois do chute cruzado espalmado pelo goleiro Silvio Luiz, eis que surge como uma flecha o artilheiro Alex Mineiro, o bola de ouro de 2001, para empurrar a pelota para as redes.
Como já escrevi em outras oportunidades, falar do Atlético é viajar no tempo, voltar ao fim dos anos 80, voltar a velha Baixada – o Caldeirão do Diabo - com o grande símbolo de pedra na rampa de acesso. É se arrepiar ao ouvir a famosa paródia de The Wall e conseguir visualizar Roger Waters e David Gilmour mandar em melodia a coxarada para o "lugar que lhes é de direito".
Voltar no tempo... Lá se vai uma década desde aquela tarde de domingo, tarde de alegria e emoção pelo maior título da história do Furacão. Tarde acompanhada de grandes amigos, onde minha 'primeira paixão' se consagrava de vez no cenário do futebol brasileiro.
Quis o destino que comemorássemos uma década do título em um ano de poucas alegrias para o rubro-negro. Ano de queda, mas que caímos de pé, sem nos envergonharmos por cenas de barbárie, com nossa torcida provando porque é a maior e a mais vibrante do Estado. Provamos que os que vestem o manto rubro-negro o fazem somente por amor, como diz o verso de Zinder Lins.
A todos os fanáticos desta festa pagã – que hoje relembram uma década da estrela de ouro e que no próximo ano farão parte da recondução do Furacão para seu devido lugar – as minhas homenagens.
"No céu ou inferno, aonde for,
teu escudo, minha honra e meu amor.
Nascer viver, mais que torcer
Atleticano até morrer!"
Que venha 2012!
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